(mas não partiu; só pirou...)
Fevereiro terminando e só um post
nasceu aqui no blog; sinal de que a mente anda, novamente, razoavelmente
confusa para focar em um único assunto. Mas antes que o rei Momo chegue por aí
com seus (insuportáveis) súditos e fãs, verei se sai algo novo desta cachola.
Desde moleque por muitas vezes me
auto-intitulava "cabeça de jerico"; não sei como este têrmo chegou
até mim, mas o usava para (re)lembrar-me que eu era meio que "mestre"
em fazer cagadas. Encafifava naquele momento que o certo seria fazer
"isso", para depois descobrir (com espanto ou por ser pueril demais?), que aquilo havia sido
uma outra grande cagada.
O tempo passou, passou e passou e
fui ficando velho, mas a expressão seguiu me acompanhando; e as
"merdas" também (rs). Então, por volta de 2000 adquiri um belo
terreno pertinho de Jericoacoara, a 150 m da lagoa mais tesuda que conheci, e
aí nasceu o sonho/vontade de, um dia, quando fosse mesmo hora de recolher e
sossegar o facho de vez, construiria ali meu canto final e último, e teria, em
sua entrada, um "portal" lembrando que ali habitava
uma..."cabeça de Jerico". Desenhei como seria o dito cujo...e
engavetei, como é tão comum acabar fazendo com nossos desejos e sonhos; os
temos, mas permitimos que a tal roda-viva, tão bem cantada pelo Chico, leve-a correnteza
abaixo. Ficou o desenho guardado...para quem (?) sabe um dia sair do papel.
E o tempo seguiu passando,
indiferente a tudo e a todos, como sempre passa. Chegou a virada 2013/2014 e um novo tsunami passou
pela minha vida. Esperava que fosse o calmo "rio que passou em minha vida"
do Paulinho da Viola, mas foi mesmo um tsunami: carregou tudo o que encontrou
pela frente, sem distinguir se era algo que deveria mesmo ser carregado e
extinto ou se era algo que merecesse ser preservado, com carinho. Foi tudo no
tsunami!
Bem, como depois da tempestade
sempre vem a bonança, esta também chegou. Pensei que, "quem sabe seja
agora a hora de tirar sonhos e desejos da gaveta e fazê-los acontecer." Neste espírito, deu-se à luz a "cabeça de Jerico". Hoje ela avisa que
o jerico segue jerico, por enquanto morando aqui e não AINDA, em sua terra
"natal" (?) Jericoacoara (ou Jijoca, para ser mais exato). Ela já não
é mais um desenho; é um fato concreto e palpável. Ela existe!
Porém, as jericagens (ou seria
jericadas ?) seguem ocorrendo: durmo convencido que o meu rumo indica para o
norte e acordo com uma vontade imensa de dirigir-me para o sul; mas a cabeça de
jerico fica ali, olhando tudo impassível, com seu cigarrinho no canto da boca.
ESTA cabeça de jerico, que escreve estas linhas, não consegue deixar o delírio
e a jericagem que se a escolha for norte, evidentemente não será sul e se por acaso o rumo
mudar para o sul, o norte deverá ser descartado. O jerico acha que é normal, ou
possível, ficar passeando entre norte e sul. Acho que é mesmo coisas da família
dos asnos
.
Lembro-me de um amigo que,
estando passando pelo Nepal ou algum lugar do gênero, procurou o mestre dos
mestres para que este lhe indicasse se deveria tomar o rumo norte ou o rumo
sul. O guru respirou fundo com aquele jeito que transmitia enfado e quase impaciência por ter que aconselhar tantos "anos", e respondeu
ao pobre asno com sua dúvida mortal:
"- Meu filho, não faz a
mínima diferença se vc acabará decidindo ir para o norte ou para o sul. O
importante é saber que, feita a escolha, vc
irá se arrepender depois!"
Mas me nego a deixar de ser
jerico: só falta aprender que...escolhido o rumo, dê o seu melhor, para que o
arrependimento não te alcance, pelo menos a ponto de ser algo que te paralise,
aporrinhe ou fique te pentelhando durante sua caminhada de vida. Feita a escolha...mergulhe de cabeça nela!
Tem tb uma frase tipo
"para-choque" de caminhão que diz a mesma coisa: "parando na dúvida entre A ou B, vc já errou e seguirá paralisado. Escolhendo A ou B, vc
pode até acertar."
De uma coisa eu tenho certeza: o
jerico continuará fumando e, mais importante do que isso, mesmo estando AINDA
dentro de uma gaveta, ou hoje já sendo também o portal/a entrada da minha casa, sua moradia final
deverá mesmo ser lá pelas terras dos seus queridos parentes jeriquinhos e
jericões. Um dia ainda levarei esta minha hoje "mera" placa, para o
lugar para a qual ela foi pensada, desenhada, planejada e sonhada. Um dia ainda
assumirei, com prazer, ser mesmo uma CABEÇA DE JERICO!!
O rumo não escolhido, será
guardado, com carinho, na caixinha das
doces lembranças!
Aí, em sua moradia final, irei
ouvir o Walter Franco dizendo que "tudo é uma questão de manter a mente
quieta, a espinha ereta...e o coração tranquilo". Mesmo que seja um
coração de jerico.
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