Viver! Quantos altos e
baixos a vida nos reserva, meu Deus! Qtas alegrias e choros, encontros e
desencontros. Planos feitos que viram pó, sonhos desejados que ficam mesmo só
como sonhos, promessas de mudar e melhorar e amadurecer que ficam pelo meio do
caminho...
Somos seres sozinhos e
únicos, é verdade, mas se conseguirmos, por desejo, seguir na caminhada que a
vida nos reserva, partilhando, não acho que seja querer o impossível, que esta
possa vir a mostrar-se como uma feliz escolha. Desde que ela nasça do desejo e
não da necessidade.
Mas aí, em tantos e
tantos e tantos momentos onde tentamos ser dois, os acontecimentos na vida
daqueles dois parecem que não se duplicam, simplesmente; parece que eles se
multiplicam e aumentam à enésima potência. Aí, para que o partilhar desejado e
escolhido vença, os dois precisam ter uma sapiência e um jogo de cintura que
beira uma missão impossível.
Casais erram. Sempre.
Casais seguirão errando, sempre. Com a obviedade do fato, entra a capacidade,
ou não, de ambos digerirem e consertarem estes erros; e aqueles outros também.
Os de ontem ou os do século passado. Erros não digeridos, não perdoam: mais dia
menos dia eles virão à tona, cobrar o erro acontecido; e o que é pior, muitas
vezes de uma forma agressiva, ofensiva e vingativa. Pronto: eis um novo erro
criado.
Passo longe da beatice,
para o meu bem ou para o meu mal, passo longe da beatice, mas lembro-me de uma
passagem assistida, de um fato real (já citado aqui no blog em algum outro
texto), quando um certo cidadão, para o espanto de todos, dirigiu a palavra a
alguém que "não deveria ser perdoado em hipótese alguma" frente ao
que havia feito, e o cidadão simplesmente deixou claro que aquele a quem ele
deveria não perdoar, estava sim por ele perdoado, lembrando que Jesus, quando
disse "perdoai o seu próximo", ele não catalogou ou rotulou até
quanto, até onde, até o que feito pelo outro deveria ou não ser perdoado. Ele
simplesmente nos deu este curto toque: perdoai o seu próximo, pois isto te
engrandecerá ainda mais como pessoa.
Mas não, não conseguimos
fazer esta "máxima" prevalecer em momentos de fúria, dor, luto,
sofrimento ou choro. Não sabemos e não conseguimos perdoar! Mesmo nos tornando
menores assim agindo, prevalece o não perdoar! A dor, a ferida e o sofrimento
nos parece tão agigantado, que mesmo com nossos maiores esforços, não
perdoamos.
Muitas vezes, para
piorar o que já está péssimo, "necessitamos" ainda pagar olho por
olho...
O desencontro e o fim
que começou lá atrás, naquele erro primeiro, inicia uma destrambelhada e
incontrolável descida morro abaixo, impossível de ser detida. Termina, quase
sempre, com um afogando-se no mar do "castigo" recebido e o outro com
uma vã, ilógica e absurda sensação, tão pobre, de vingança conquistada!
O Chico Buarque canta, em nome do Nelson
Rodrigues, o "Te Perdoo por Te Traíres". O para-choque de caminhão
nos lembra que "a vingança é um prato que se come frio". Rubem Alves
tb nos lembra, neste texto dele que aqui postei
que os casais que
escolhem o tênis ao invés do frescobol, sairão ambos com um amargo gosto na
boca, tenha ou não sido o "vencedor" daquele estúpido jogo de tênis
que o casal teve a infelicidade de escolher para trocar em sua vida a dois!
Outro dia li uma citação
de uma moçoila, artista global e recém-traída pelo "belo maridão",
onde ela dizia: "Não
vou posar de vítima nem acusar ninguém de vilão"! Tiro o meu
chapéu para esta moça. Qtos de nós temos esta capacidade? Uma gigantesca
minoria, sem dúvida. Pena. Grande pena que seja uma gigantesca minoria, mas
assim é, ou assim somos!
Eu, que já me
auto-intitulei de "um mosaico a ser montado" ou "eterno
aprendiz" ou "um tolo completo, de tão pueril que sigo sendo",
preciso neste momento buscar outras forças, maiores e mais sólidas forças, para
ir um pouco além que seja do be-a-bá sobre o aprendizado de viver bem, em
harmonia e, se partilhando, partilhar o melhor. Se trocar, trocar a clara
alegria por estar acompanhado. Se errar ou captar algum erro "do lado de
lá", use o momento como chance máxima e suprema para alavancá-los para
crescer um cadinho mais que seja como pessoa! O erro consertado por dois é
duplamente satisfatório. Une!
Aprender, no mínimo, não
se lamentar tanto por enxergar-se incompetente em certas "matérias"
da vida, mas juntar suas forças, ou seus cacos, para mais e mais tentar sair da
ignorância e ver, com os dois olhos esbugalhados e até mareados, que se a
escolha feita foi a de partilhar, que este partilhar quando colocado em um dos
pratos da balança, tenha muito mais presença e significado real do que de tanta
pobreza e infelicidade inerente ao ser humano, falível que é, ficou no outro
prato.
Conseguirei? Prometo, a
mim mesmo, que tentarei ainda mais do que já tentei até hoje!
Não sou vítima e nem
quero enxergar, ver ou apontar vilões. Nem um e nem outro existem de verdade.
São meras distorções de mentes que enxergam ainda o mundo de modo distorcido.
Sou eu, só eu, com meus desejos e anseios. Que eles sejam sinceros!
Um comentário:
Amigo,gostei do texto,na vida cada um sabe a delicia de ser o que e' ...Nao há erros há experiências que muitas vezes dói ,porque emprestamos valores que sao nossos para outras pessoas e a expectativa do retorno,nao acontece...!Amei a pessoa certa na hora certa e tudo acabou na hora certa.Fazemos nossas escolhas e temos que arcar com as consequências ...Aprendi a volorizar a que deu certo !Nao guardo magoas,apenas aprendi que precisei crescer para pensar assim.Eu sou eu com meus anseios e desejos...que eles sejam sinceros!Nao vim a este mundo para completar nada apenas para somar,multiplicar,dividir ou subtrair!
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