Nestes últimos dias, três fatos que se interligam,
acabaram chamando a minha atenção.
O primeiro, é que o "feice" irá implementar
novas ferramentas para ajudar os pombinhos recém-separados a suavizar a dor da
separação: ferramentas do tipo deixar de receber atualizações do(a) ex, fotos
onde um ou outro foi marcado(a), o novo "status" do(a) ex e coisas
afins. É a tecnologia suavizando as dores do fim de uma história de amor.
O segundo, foi um mero bilhete que um adolescente passou
para uma moçoila, em plena biblioteca, onde, por razões óbvias, não se podia
usar o celular: o bilhete imitava, em detalhes, uma mensagem enviada pelo
whatsapp. Até o detalhe sobre a "carga da bateria" o carinha
desenhou. Será que haveria alguma correlação com a sua potência de "macho-alfa?"
(rs). Infelizmente a sacada não surtiu o efeito desejado. A moçoila sorriu...e
seguiu na dela!
Finalmente o terceiro: assisti ao filme "Ela"
(Her), onde o foco todo é sobre o envolvimento emocional de um carinha, por uma
moçoila virtual! Mais do que moçoila virtual, ela é apenas um Sistema
Operacional. Nada de carne e osso, rosto, feições ou nem mesmo idade. Ela é um
software, passando-se como a "mulher perfeita".
Não quero contar o filme, pois indico aos interessados uma passada por lá,
mas deixarei aqui (es)correr alguns detalhes sobre o dito cujo e como os vi.
Não há no filme qualquer explicitação de data, mas podemos
facilmente vê-lo acontecendo lá por volta de 2020 ou 2025; ou seja, logo mais!
O personagem principal - Theodore - tem como profissão escrever cartas para as
pessoas que desejam uma maior aproximação e/ou reaproximação. É uma
"Central do Brasil" do século XXI.
Ele passa para o papel, o que A quer dizer p/ B, sempre
com palavras escolhidas a dedo e cheias de sentimentoS! É o ganha-pão dele.
Assim ele vive. Escrevendo os sentimentos...dos outros e para outros, ilustres
desconhecidos dele.
O carinha - Theodore - está passando pelas dores de um
casamento fracassado, com alguém de carne e osso e, para amenizar suas dores,
adquire o Sistema Operacional que irá salvá-lo. Assim começa seu envolvimento
com a Samantha, sua mulher perfeita!
A "perfeição" começa com o acesso ao botão
liga/desliga. Ele busca pela Samantha, nos momentos que quer, deseja ou
necessita. Nada mais apropriado, né não?
Além disso, a Samantha é aquele poço de compreensão com as
dores do coitado, típico de se ver em nossas analistas. Tudo compreende e
aceita. Daí para pintar a transferência, é um pulo.
Porém, e sempre existirá um, ela Samantha começa a
interessar-se em... "aprender a ter sentimentos". Ela quer deixar de
ser um mero sistema operacional e também experimentar as maravilhas do
"sentir".
Como disse que não quero aqui contar o filme, vou
limitar-me a citar só dois aspectos que me chamaram muita a atenção, nesta
jornada da Samantha: o primeiro é que ela, sistema operacional que é, se
relaciona com o pobre Theodore e mais 641 usuários do software (rs). O segundo é
que, aprendendo a ser sentimentos, até uma verdadeira crise de TPM ela tem em
certa ocasião (rs).
Ou seja, caros leitores, a nossa salvação não está mesmo
em nenhum software ou sistema operacional. Ele, por mais perfeito que possa
ser, aprendendo inclusive a sentir, irá com o tempo transformando-se, até pelo
"sentir", em algo muito próximo do humano, com as mesmas
"imperfeições, equívocos e dificuldades" que dois seres de carne e
osso enfrentam aqui (ou lá?) pelo mundo real!
Um Sistema Operacional pode ter sua valia para quem está
se sentindo SÓ. Um conjunto de Sistemas Operacionais formaria então um SO(s),
Um SOS. Um pedido de socorro! Ao mundo. A todos.
"Salvem-me da minha solidão!"
Porém (parte 2), minha intenção ao fazer este tópico seria
também explicitar o que acho do namoro virtual. Não serei advogado de defesa e
nem de acusação. Serei PSDB! Serei tucano, de bico grande (rs).
As redes sociais tornaram-se rapidamente em um oásis para
os peregrinos perdidos no deserto. Ou seja, para 90% de todos nós que nelas
navegamos. Como oásis, teriam quiçá o papel de dar o merecido descanso ao
cansado peregrino, abastecendo-o com novas energias para a continuidade da sua
jornada. Ninguém vive em um oásis. Ou Shangrilá! Vivemos mesmo no deserto! Se o
cansado peregrino chegará sozinho ao oásis e de lá sairá, acompanhado, é um
questionamento para o qual ainda não tenho resposta. Pode acontecer? Tendo a
achar que sim, pode! Digo isso porque na vida real, também acabamos nos
aproximando de A, B ou C, com as mesmas intenções: ter uma companhia para a
nossa jornada pelo deserto da vida!
É estranho que o encontro aconteça em um oásis? Pode ser,
mas muito mais estranho é o fato de termos tanta dificuldade em nos
aproximarmos, de corpo e alma, de um segundo peregrino também cansado. Seja lá
fora ou seja aqui pelo virtual. Uma agradável companhia p/ a nossa jornada, que
deveria ser o óbvio do óbvio entre os nossos desejos, acaba sendo, no fim, mais
um desencontro para a nossa coleção de fracassos!
Ou seja, acho que no fundo no fundo, tudo é mesmo virtual!
É, quem sabe, o amor platônico vencendo o amor real, já
que este último deixou a vaga em aberto. O platônico então, mais do que
depressa, ocupou o lugar!
O platônico nunca se tornará real? Há controvérsias! Ou,
tornando-se real deixa de ser platônico? Deixa de ser amor ou passa a ser, de
fato, amor?
Não tem como não fechar o tópico repetindo aqui uma das
frases que gosto muito de usar: "Não há o que não haja!"
Quebrando a seriedade, deixo aqui a música do irreverente
"Língua de Trapo" que, já no final dos anos 80 visualizava toda esta
balbúrdia! Não tenho culpa se ninguém levou o "Língua " a sério (rs)
Se vc, caro(a) leitor(a) que chegou até aqui, vê-se também
nesta balbúrdia, ache a saída!! Ache onde fica a porta EXIT. Tenha êxito com
mais esta bagunça que aqui deixo!
Ou, como diria o Capitão Nascimento, "peça prá sair!"
Desligue(-se) da tomada!!
DÊ PLAY
2 comentários:
Amor, sentimento cantado em prosas e versos, desejado por todos e jamais definido!
O sociólogo Bauman, autor de "Amor líquido", nos fala sobre a fragilidade dos laços humanos na atualidade, definindo-os como momentâneos e volúveis, num mundo cada vez mais fluído e dinâmico, seja ele "real" ou "virtual". Na minha concepção o "virtual" pode ser muito mais real e verdadeiro que o determinado socialmente como "real".
Muito bom o seu comentário. Há mesmo, dentro das definições, um tanto razoável calcado em convenções. Ou, em outras palavras, antes uma história definida como "virtual", mas rica e saudável para os envolvidos, do que uma história "real", vazia de benefícios para os envolvidos!
O que sabemos, afinal, além daquilo que sentimos? O que somos, afinal, além dos sentimentos que vivemos?
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