Mais um ano indo embora. Mais um
ano numérico indo embora mas, por mais batido e convencional que seja, não
temos como fugir da idéia de repensar, fazer um balanço, rever o
"filminho" do nosso último ano vivido. Aí, como também não poderia
deixar de ser, lembramos de flores e de cacos que tivemos no ano que se
despede: flores que nos deixam saudades e uma doce nostalgia, e cacos que nos
deixam com um sabor amargo na boca. Mais de 60 anos e ainda sigo revendo flores e cacos. O que fazer
ou como fazer para ser mais "jardineiro" do que restaurador de peças
quebradas? Novamente o lugar comum: MUDAR!!
Não é tão difícil assim de
enxergar: mtas flores foram por nós cultivadas, plantadas, regadas e arejadas e
outras tantas a vida nos deu de graça, do nada, como presente de algum Pai
maior que possamos mesmo ter. Por outro lado, assumo dizer que a TOTALIDADE dos
nossos cacos foram "crias" nossas. Quem sabe um ou outro caquinho, um
ou outro insignificante caquinho tenha vindo da vida, via seu chefe, seu
vizinho ou seu gerente de banco. Fora esses "inhos", tudo aquilo que
nos machucou foi resultado lógico da postura que assumimos perante a nossa vida.
Dou uma olhada ao meu redor,
vendo meus poucos amigos sobre os quais sei um pouquinho da vida que levam, e
constato que, assim como eu, todos ainda possuem marcantes facetas que
necessitam ser lapidadas, polidas e melhoradas. Vem de dentro de nós os cacos
que tanto nos incomodam: brigas, discussões, quedas de braço, tolas disputas
por algo ou alguém só para nós, mesquinharias, egoísmos etecétera e tal. Seguimos sendo menos do que somos capacitados de ser. Seguimos pobres, aquém!
A leveza de espírito costuma ser
o pedido de 99,99% das pessoas enquanto aguardam a sua hora de pular 7 ondinhas
e levantar a taça de champanhe brindando a virada. Prometemos, prometemos e
prometemos e, depois da "comemoração", costumamos acordar os mesmos
de antes, só com uma vaga lembrança de que é ali, depois da comemoração, depois
da convencional festa, que começará de fato a nossa jornada para a mudança, se de
fato ela é algo que vc quer e precisa! É no mais mundano dia a dia que ela será
posta a prova. É no "bom dia" desejado de cada dia que ela achará ou
não campo fértil para se desenvolver e florir!
Todos seguiremos tendo, dentro de
nós mesmos, as forças "do contra" e também o mundo lá de fora; o
mundo exterior, que seguirá imutável. Seria um pueril engano se pensássemos
que, empenhados em mudar, o mundo externo mudará com vc ou suas forças "do
mal" irão abandoná-lo.
Lembro-me de
uma frase de um livro que fez mto sucesso no início dos anos 60 - O Homem A Procura De Si Mesmo (Rollo May) -
onde o autor dizia algo do tipo " se
vc abandonar seus demônios, esteja preparado tb para abandonar seus
anjos". Eles seguirão dentro de nós. Eles seguirão sendo nós! A grande
sacada é deixá-los cada qual com seu devido quinhão, desde o seu acordar até a
hora de apagar as luzes e partir para o seu descanso.
Também vira e mexe recordo-me da
filosofia dos AA que prometem para si mesmos não beber pelas próximas 24 horas!
Então repetem este mantra a cada 24 horas: "prometo não beber pelas próximas
24 horas, pois sou alcoólatra" Eles não se dizem EX. Eles sabem e
se enxergam como alcoólatras mas reúnem seus esforços para que, por um diazinho
a mais consigam vencer o seu vício!
Somos todos viciados em judiar de
nós mesmos. Homeopática ou cavalarmente, seguimos judiando de nós. Nos
auto-flagelamos e aí saímos por aí, perdidos, pedindo desesperadamente para que
apareça nosso anjo salvador. Ele não virá. Ele nunca virá! Não lá de fora, pois
não é lá fora que ele mora!
Que chamemos, cada um de nós, o
nosso anjo salvador pessoal e intransferível, para vir tocar conosco, ao nosso
lado, EM NÓS, a difícil jornada de caminhar pela vida, até a nossa última
despedida. Que levantemos um brinde ao nosso anjo salvador...e deixemos nossos
demônios hibernados e quietos.
Como na fábula do velho e sábio
índio:
"-
Mestre, tenho dentro de mim um lobo e um cordeiro. Qual deles irá prevalecer e
dominar a minha vida?"
"-
Aquele que vc mais alimentar!"
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