Já já, em julho, completarei 64 anos. Minhas lembranças mais remotas da
política se remetem ao Jânio Quadros/Vassourinha, Adhemar de Barros (caixinha do Adhemar),
Carvalho Pinto (sem radar), Carlos
Lacerda versus Samuel Wainer, Cacareco e outras pérolas. Lembro-me também que,
com que orgulho gigantesco, “dei ouro para o bem do Brasil”, ostentando, todo
prosa, minha aliança de latão com estes dizeres ali. Idos tempos, Sr. Temer. “Sua
Marcela” ainda não era nem projeto. Ainda faltava muito para nascer a mulher da
sua vida. Longínquos tempos.
Hoje, fechando maio de 2016,
venho aqui escrever esta carta, com o intuito de consertar minha passividade
sobre a minha opinião quanto à situação
do MEU país, dando-me vontade agora de, já que um erro cometi, hoje,
parafraseando o distinto, conserta-lo-ei!
Li, dentre tantos
pronunciamentos do distinto, um onde o Sr. diz que “Deus lhe deu a chance de
salvar o país.” Por favor, leve este pronunciamento a sério, Sr. Presidento.
Estamos mesmo necessitando que alguém salve o nosso país e hoje, por desejo dos
astros, é o distinto quem está com a caneta e o papel na mão.
Por eu ser do tempo em que se
amarrava cachorro com lingüiça, como já expliquei, só acumulei nestes últimos,
sei lá, cinquenta anos, frustrações com a classe política. Posso contar nos
dedos das mãos, de um Aleijadinho, os políticos dos quais tive orgulho. Meu
pai, como bom paulistano da gema, era muito fã do Carvalho Pinto (sem radar) e
do Faria Lima, que me lembre, mas pouco fiquei sabendo de verdade sobre um ou
outro. Preferi sempre ser moleque de rua e deixar os assuntos adultos, para os
adultos. Lembraria, no máximo, do Hélio Beltrão, frente ao Ministério da
Desburocratização, já nos anos do, salvo engano, General Figueiredo. Luta
inglória do Beltrão; durou o tempo que ele por lá ficou. Depois, a BURROcratização
retornou com tudo, acumulando seu troco com juros e correção monetária. Ou o
Suplicy, tadinho, cantando Bob Dylan no plenário. Devia estar sem a dose diária
do Haldol, Amplictil e Gardenal dele, coitado! Ou com overdose, sei lá!
Mas, voltando, hoje nos vemos
em 2016 e, graças ao sapo barbudo et caterva, já me enfronho muito mais, com
gosto, e com asco, sobre a política do meu país. Nunca, em meus quase 64 anos,
deparei-me com nenhum Sérgio Moro (SM). Nunca conheci alguém com tamanha
coragem e empenho e, ainda mais importante, por uma graça da Tetê Espíndola, no
lugar certo. Creio piamente que existam outros SMs no país, mas, para o nosso
azar, não têm a faca e o queijo na mão. Ele próprio – SM – vem travando
batalhas quixotescas, ou kafkanianas, tamanho é o poder daqueles que ele tenta combater
e vencer! Ele, como um ser isolado e único, deu o pontapé, lá em Curitiba, em
tudo isso que aí está hoje: todo este mar de lama escancarado e exposto. Todo
este show infindável de maracutaias, roubalheiras, conchavos de quinta
categoria, podridão fétida (apesar do pleonasmo) e uma escrotice sem limites,
enquanto o nosso povo segue à míngua.
Um SM, assim como um Pelé, um Ayrton
Senna, Maria Esther Bueno, Guga e outros poucos, nascem neste país a cada
século, se muito. Um SM, na política então, nasce a cada era geológica ou
glacial da terra. É um evento mais raro do que o Papa Francisco ser pego em
atitudes pedófilas, com o perdão da comparação. Nesta hora tenho mesmo que ser
extremo e radicalizar, entrando com as duas (quatro ?) patas direto no peito do
oponente!
Brigamos muito, e seguimos (e
seguiremos brigando) para que toda a quadrilha do PT desapareça da face da
terra, para todo o sempre. Que cada um deles pague por cada crime cometido,
enjaulados e fora do convívio da sociedade. Que tenham também o mesmo fim, todo
e qualquer outro político, do partido que seja: Aécio, Cunha, Renan, Ministros
do STF ou quem quer que seja.
Mas, prezado Presidento,
deixando de lado tantos prolegômenos, eis agora o cerne da questão que me fez
vir até aqui, em pleno feriado, escrever estas linhas para o distinto:
Apesar de parcos dias na
Presidência, já ficamos sabendo de “n” nomeações do distinto, onde sentimos o
nítido cheiro de estarmos trocando seis por meia dúzia. Sai um Ministro com 9
processos e entra outro com 4 ou 5, sei lá. Sai um réu e entra outro indiciado.
Sai um ladrão e entra um canalha. Parece que o distinto só está mudando as
moscas, sem atacar o estrume vigente!
Oras, distinto, sua hora é
agora; é já! Se quer dar veracidade à graça concedida por Ele à sua pessoa, aja
AGORA. Sou leigo dos meandros da política (sou só um médico), mas acho que o
que necessita ser feito é mais límpido, claro e transparente do que um líquor
de uma pessoa saudável que, na Medicina, dizemos ser “límpido como água de
rocha!”.
O que o distinto precisa fazer,
com grau zero de dificuldade, se “tienes mismo culhones”, é nomear apenas e tão
somente seus Ministros e os outros escalões, com a nata da competência e honestidade
que, com certeza, ainda temos escondidos por este país de meu Deus.
Simplesmente nomeie os notáveis, cada qual em sua praia. Nomeie os notáveis e
insuspeitos, em todos os graus, para cercá-lo e ajudá-lo em sua árdua jornada
de pouco menos de dois anos. Nomeie sem olhar para a ficha de filiação
partidária deste ou daquele. Dê uma banana para a corja que só respira PODER e
DINHEIRO. A sede, a gula e a ânsia pelo poder, quando tratamos com a escrotice
do ser humano, não tem limites. É um buraco sem fim. A medíocre ganância não
acabará nunca, em mentes dos asquerosos e pobres políticos que aí estão. Este é
o grande legado deixado pelo, ainda solto, sapo barbudo. A mediocridade se
eternizará, se com eles estiver o poder, a caneta e o papel. E o nosso povo
seguirá sendo um punhado de “Pedro Pedreiros”, formando o “Admirável Gado Novo”!
O distinto, como já disse aqui,
tem o faqueiro inteiro e todos os queijos nas mãos para, de fato, salvar este
nosso sofrido país e mais sofrido ainda
povo. Faça isso que aqui sugiro, distinto Senhor. Então, quando acabar seu
mandato, o distinto terá um lugar de honra em nossa história – lugar já
reservado, com todas as glórias e todo mérito, para o senhor Sérgio Moro – e pegue
sua linda Marcela e vá curtir a vida a dois, orgulhoso e com sua consciência
tranquila, por cima dos seus então 77 aninhos.
Sua chance é agora, distinto.
Entre para a história do nosso país, juntando-se aos melhores ou seja, com gente da
estirpe do SM, um inesquecível divisor de águas nos futuros livros de História.
Junte-se ao SM, ao Pelé, Ayrton Senna e outros poucos, e seja também o distinto,
o ídolo de todo um país.
Ou vá para a vala comum da
escória, já tão lotada de medíocres de todas as matizes! A escolha é sua, toda
sua e SÓ sua. Pergunte para a sua linda Marcela, mulher de quem ela amaria ser.
Que tipo de Homem ela gostaria de ter ao lado dela!
Acorda, distinto! Certos “bondes”
só passam mesmo uma única vez no ponto onde estamos. Não brinque e nem abuse da
sorte ou dos astros.
Atenciosamente,
Paulo, um brasileiro
·
Como logo no início citei o Samuel Wainer,
lembrei-me agora de uma resposta dada pela sua esposa, a linda Danuza Leão (a “Marcela”
dele, na época), quando lhe perguntaram por que ela, tão linda e tão mais jovem
que ele, não o traia. Ela, com a sinceridade, clareza e inteligência que sempre
teve, simplesmente respondeu:
“Porque
eu nunca aceitaria saber que sou casada com um cornudo!”
Não traia o nosso país!
Pense nisso!
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