Lembro-me que, em minha
adolescência e começando com meus namoricos, houve o casamento do Dener
(costureiro famoso da época) com a Maria Stella Splendore, da high-society.
Tempos depois (que não me recordo qto foi) veio a separação, o término e o
divórcio. Lembro-me muito bem dos comentários que minha mãe fazia quando o
assunto era este. Os dois (ex) pombinhos fizeram questão de promover uma festa,
com o mesmo glamour da feita qdo do casamento, convidando a mesma lista de
convidados do casório, para comemorar o FIM da história dos dois como casal.
Minha mãe dizia que eles sim tinham uma cabeça avançada pois achava super
natural que os dois juntassem para uma outra festa, os mesmos amigos que antes
haviam sido convidados para o casório. O casamento acabou? Viva, vamos
comemorar este novo momento então!! O Rei morreu? Viva o Rei!!
Ouvia tudo aquilo, ainda dando
meus primeiros passos no quesito "relacionamentos", e até achava que
sim, que "boas e avançadas" (?) cabeças deveriam agir assim tanto no
momento mais sublime da aproximação qto no triste momento de dizer adeus. Hoje,
com meus 61 aninhos vividos, sigo, "a priori", de acordo que assim
deveriam acabar as histórias de amor!
Mas, porém, no entanto, contudo, todavia.....acho que, finda uma história, é
imprescindível que haja um afastamento e um momento de luto, de um para com o
outro, pois minha "modernidade" não chega a ser de nenhum Dener.
Principalmente se no ocaso da história, fatos e acontecimentos aconteceram que
marcaram e/ou machucaram ou a um ou ao outro, ou a ambos! Sabemos muito bem que
finais não ocorrem convidando o companheiro para um brinde à descoberta do
nosso FIM. É necessário um tempo de recolhimento, (re)análise de tudo que se
passou ou passaram juntos, relembrar bons e maus momentos etc e tal. É a
famigerada análise nua e crua, se possível imparcial (extremamente difícil) de
cada um fechar-se para balanço.
Sei de pessoas que ficaram de
"luto" por 24 horas (ou menos) e outras que seguiram anos e anos (até
algumas décadas), carregando o mesmo luto. Cada um tem seu jeito próprio de
seguir este dito "luto" e, principalmente, o tempo de vivenciá-lo.
Lembro-me tb de um livro lido qdo
da separação do meu casamento de 11 anos, lá pelo final dos anos 80, intitulado "A Arte De Separar-se" (Edoardo Giusti) onde ele dizia, dentre outras
coisas que, por mais óbvio que possa parecer, a maior dificuldade que os dois
pombinhos encontram no período onde a crise acontece (com tempo variável, de
caso prá caso), é a obviedade que ambos deveriam ter que... AQUELA HISTÓRIA
ACABOU! Agora, caindo a ficha, com maior ou menor dificuldade de cada um de que
aquela história acabou, convidar já na semana seguinte o ex para um cafézinho,
um papo, uma troca de idéias ou algo do gênero, não é algo que vejo com bons
olhos. A separação de fato, corporal e física, é algo necessário e
imprescindível, até um enxergar o outro, com sinceridade absoluta (e não
mascarada ou disfarçada), como um AMIGO que, em outros tempos, tocaram a vida
juntos.
O meu tempo de luto é o MEU
tempo. O que faço enquanto ele transcorre tb é de plena responsabilidade minha
e só minha. Não gosto de ouvir, em minhas fases de transição, expressões como a
famigerada DESDE QUE pois, se eu pudesse, baniria esta expressão, para sempre, do dicionário. Isto dá margem
a frases do tipo:
"respeitarei seu luto.....DESDE
QUE....."
"tenha o tempo que quiser de
luto...DESDE QUE...."
" faça o que quiser durante
seu luto...DESDE QUE...."
"curta seu luto em paz e no sossego, DESDE QUE...
"durante o seu luto faça tudo aquilo que quiser e encontre-se com quem quiser...DESDE QUE..."
É uma enxurrada de condicionais e
condicionantes que muito me incomodam!
Muitos enxergam isso como
"luto não resolvido", "querer tapar o sol com a peneira",
"negar o óbvio" ou, ainda pior, dizer que qdo ajo como ajo estou
dando claras demonstrações de que não estou nada resolvido sobre o caso
acabado! Que sigo em luto, doído, magoado, ressentido, vingativo, desleal, covarde, mesquinho, imaturo, ridículo, crápula, etc e tal. Que, mais uma vez, sigo mentindo para o mundo e para mim mesmo!
Cansei
de ser analisado pelos outros e dar ouvido a análises viciosas, tendenciosas e
suspeitas!
Como é de fato minha intenção
seguir 2014 pautando-me exclusivamente pelos meus desejos maiores, se meu tempo
de recolhimento, ou o nome que se queira dar, cheirar aos outros fraqueza,
medo, insegurança, deslealdade, injustiça, imaturidade, safadeza pura ou covardia...deixo o aroma destes cheiros para quem assim
sentiu. Se no meu período QUERO isso e NÃO QUERO aquilo, assim será! Não quero
aplausos ou vaias; sorrisos ou caras carrancudas, elogios ou xingamentos; só
quero respeito às minhas decisões, pelas quais só eu respondo; e para mim
mesmo!
Neste meu momento, quero e desejo
estar próximo de uns e outros e quero e desejo também, manter a devida distância
de uns e outros. Que as consequências que estas minhas posturas virão a ocasionar...sejam as consequências que elas me
ocasionarão. Básico, como diria meu "paipai psicanalítico" Cyro!
Respeitar o tempo do outro, seja qto for este tempo e seja como o outro leva e vive este tempo, isso sim é prova de que mágoas não ficaram como uma pedrinha lá no fundo da sola do sapato! Que cada um seja dono exclusivo do seu tempo e do(s) seu(s) luto(s)! Que este novo tempo/período transcorra na paz possível. Para todos!
No tempo certo, no momento certo, nos veremos livres dos nossos lutos. Mas mágoas já não as trago mais!
No tempo certo, no momento certo, nos veremos livres dos nossos lutos. Mas mágoas já não as trago mais!
Um comentário:
Meu tempo é quando....
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