Se você
faz parte do time dos generosos, que dão mais do que recebem, e se sente
superior por isso, é hora de parar para refletir e reavaliar seriamente sua
postura. Segundo o médico psicoterapeuta Flávio Gikovate, a generosidade tem
efeitos negativos, pois, alimenta o egoísmo do outro e desestabiliza a relação.
E mais: por trás desse impulso, habita um forte sentimento de culpa. Com mais
de 20 livros publicados, muitos deles dedicados aos relacionamentos de casais,
Gikovate lança uma obra com a síntese de tudo que ele foi capaz de compreender
a respeito da questão moral observada pela óptica da profissão. Em seu novo
livro, O mal, o bem e mais além
(MG Editores), ele caminha por um novo ponto de vista. Ele mostra que as
posturas — do generoso e do egoísta — derivam da imaturidade emocional e
defende a categoria dos “justos” como ponto de equilíbrio e evolução.
A máxima
de que os opostos se atraem é mais do que verdadeira. Cerca de 95% dos
casais, segundo Gikovate, são constituídos de opostos, um egoísta e um
generoso, que, aparentemente, se combinam muito bem. Mas é aí que mora o
perigo: “Uma relação lastreada no antagonismo não pode ser considerada de
boa qualidade. Essa dualidade, aceita e legitimada pela sociedade, acaba
deteriorando o convívio íntimo e gera conseqüências em outras esferas,
refletindo-se, por exemplo, no comportamento dos filhos e até em atitudes de
âmbito social e político”.
Com base
em seus 40 anos de experiência clínica e no estudo das relações conjugais,
Gikovate já escreveu vários livros abordando os conflitos que interferem no
amor e na felicidade. Este novo título é fruto de uma longa reflexão: o egoísmo
e a generosidade que se contrapõem na maioria das ligações amorosas.
“Cada vez
foi ficando mais claro para mim que a humanidade se divide nesses dois grupos
em todos os aspectos: o egoísta, que recebe mais do que dá, e o generoso, que
dá mais do que recebe. E que a generosidade não é virtude, mas um falha tão
grande quanto o egoísmo”, constata. “O egoísta não tolera frustrações e contrariedades,
é mais estourado e agressivo e procura sempre arrumar um jeito de levar
vantagem, porque a vida dura não é parte de seu psiquismo. O generoso, por
sua vez, não consegue dizer ‘não’ quando solicitado porque não saber lidar com
a culpa, sentindo-se envaidecido e superior por conseguir dar mais do que
recebe.”
O mais
grave nessa “trama diabólica”, como Gikovate a denomina, é que um reforça o
jeito de ser do outro. “Não posso mudar senão deixarei de ser admirado e amado.
Essa é a idéia”, define. “O generoso cede cada vez mais, achando que assim vai
satisfazer o outro, e o egoísta cada vez exige mais, nunca se dando por
satisfeito. Os dois ficam cada vez mais antagônicos, estagnados, frustrados.
Essas diferenças vão se radicalizando com o passar dos anos, gerando o
afastamento ou a ruptura do casal.”
As
conseqüências, segundo ele, vão além: “Os filhos se vêem diante de dois modelos
— um exigente, estourado, reivindicador, outro bonzinho, tolerante, panos
quentes. E dois modelos validados um pelo outro. A criança, certamente, vai
copiar um dos dois. O segundo filho, devido à rivalidade entre irmãos,
provavelmente seguirá direção oposta.
No livro,
Gikovate afirma que o equilíbrio entre o dar e o receber beneficia a todos.
Inclusive a sociedade. Superar a intolerância e a incapacidade de lidar com
culpa leva à maturidade emocional, a respeitar mais as diferenças e os direitos
do outro, sem nenhuma idéia heróica de sacrifício pessoal em favor de nada nem
de ninguém. “Parar no ponto justo é a única forma de buscar uma vida afetiva,
pessoal, familiar e social mais equilibrada”, ressalta. Por isso, ele diz, o
livro se destina a pessoas não preconceituosas, dispostas a refletir fora do
tradicional. “O intuito é abrir caminho para a evolução pessoal. E isso é possível
em qualquer idade, a qualquer tempo.”
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