Repito aqui: 9 não é 10, assim como
zero tb não é 10. Se quiser viajar, mesmo sem nenhuma cannabis, podemos dizer
que 9, assim como o zero, são...”igualmente” não 10. Só o 10 é 10, como só o 9
é 9 e só o zero é zero. Matemática pura.
Bem, estava eu com meus 11 ou 12
anos, quando tudo aconteceu.
Fui p/ a escola e, na aula de
matéria que não me lembro, íamos receber nossas provas q havíamos feito uns
dias antes. O professor tb não me recordo, mas devia ser um dos Irmãos de lá,
já que estudei no Notre Dame, que é da Congregação de Santa Cruz. Colégio
católico em suas raízes e troncos, como o nome já diz. Tocado por Irmãos, que é
um tipo de (sub)representante de Deus aqui na terra. Um quase padre.
Pois bem. Quando fui chamado, fui
até lá pegar minha prova. Eu sabia que tinha ido bem. Era uma prova de 10 questões. Peguei minha prova
e, na primeira passada d`olhos vi, feliz, um monte daqueles sinais, escritos
com caneta verde, que significam que acertei aquela questão.
Aí, voltei p/ cadeira e descobri
que, apesar de ter acertado as 10 questões, tinha recebido nota 9.
Fui lá na frente:
“-Fessô, licença aí.
Num intendi uma coisinha: acertei as 10 questões e ganhei nota 9? Whats the
fuck?”
“-Vc esqueceu de
colocar, no cabeçalho, seu número de classe. Por isso sua nota é 9!!!”
“- Mas, fessô, me
ajuda aí. Blá blá blá....”
“- Não enche o saco,
pirralho. Sem o seu número de classe, sua nota é 9. Fim de papo”!!
E seguiu-se uns tantos mas blá blá
blá do meu lado e outras pérolas do lado dele. Até que ele disse:
“- Pirralho, se
reclamar mais uma vez, sua nota não será mais 9. Será ZERO, entendeu? Fui claro
ou quer que eu desenhe?”
“- Ah é!!!!! Ah é???
Então dá ZERO, fessô. Pode dar”!
E ele deu!
Fiquei puto.
Cheguei em casa e abri o berro p/ o
meu pai. Meu Pai chegou e disse p/ que eu não me preocupasse que no dia
seguinte ele iria comigo até lá resolver esta porra toda. Não disse porra, pq o
único palavrão que ele se permitia falar era “maledeto”! Mas iria comigo
até lá resolver esta PORRA!!
No dia seguinte, vestiu sua
vestimenta de Segundo Tenente da FEB, armou-se até os dentes com suas baionetas
e tudo mais (só uma licença poética da minha parte, crianças; não viajem)
e...lá fomos nós!
Meu pai, que combateu os alemães e
italianos na II Guerra Mundial, em campos nevados, enfrentando literalmente
canhões, morteiros, metralhadoras, em Castel Gandolfo, Castel Nuovo e
tudo mais; que foi condecorado por ter salvo da fome, indo buscar o básico da
ração deles e voltando à linha de frente para alimentar a todos da tropa, não
iria conseguir destruir um bosta de um professorzinho? É mole pro Vasco.
“Xá comigo”, disse ele. Ou, “tea
with me”, como diriam os ingleses (que infame).
Chegamos à frente de batalha e, como
imaginava, meu Pai trucidou o inimigo com a mesma facilidade com que se mata
uma barata!
Batalha ganha. Saí de lá com meu 10!
Fiquei contente pelo meu 10? Claro
que sim! Evidente que sim! Mas muita mais contente por ter tido aquela vitória,
acompanhado do meu Pai herói! Ajudado pelo meu soldado Pai. Ao lado do meu Pai.
Com a ajuda dele. Meu pai foi 10! Ele mostrou pro bosta do teacher que, para
ele e para os seus filhos, ele ensinava, dentre outras tantas coisas, o que é
Justiça. Não com jota de geladeira e nem com gê de janela. Justiça com jota de
JUSTIÇA!
O General Patton perto de vc era
fichinha, meu Pai! Era o General Pato. Ou só uma foto aqui em meu texto. Ou só
um (belo) filme!
Nunca
foi Eletric e muito menos elétrico. Mas foi sempre meu (doce) General! Às
vezes era uma geladeira. Mas só às vezes.
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