__________________________________________________________________
| |
E agora, José?
Foi o que perguntou o Carlos,
quando deparou-se com uma pedra no meio do caminho. Na verdade, nem foi só o Carlos, ou João, ou mesmo o Antonio que fez tal pergunta. Foi uma Quadrilha inteira que por lá caminhava. Sobrou
pro coitado do José...
Mas, sem divagações:
Ontem, em uma das perícias que
fiz, estava à minha frente uma psicóloga que portava um atestado médico,
devidamente assinado por um profissional e sobre o qual eu deveria dar o meu
parecer. Afinal, ganho prá isso!
Pois bem. Conversa daqui,
conversa dali, ela começou a fazer uma breve
explanação sobre seu tempo de estudo, qdo fez sua Psicologia. Então começou a
dizer que, qdo passou pela cadeira da ÉTICA, aprendeu isso, aquilo e aquilo
outro sobre esta tal de ÉTICA e que, em decorrência deste seu aprendizado ela,
em seu dia a dia como Psicóloga, aceita 100% das vezes, como a mais pura e
inquestionável verdade, qualquer atestado e/ou documento médico assinado por
qquer profissional, que porventura caia em suas mãos. Seria anti-ético não
aceitá-lo, disse-me ela!
Falante que estou, estiquei a
prosa em dois minutinhos extras, além do que seria o meu, digamos, habitual de
antanho.
Trago aqui estes dois dedinhos a
mais de prosa que tive com a citada.
Legal vc portar-se convicta de
que suas posturas são pautadas pela ÉTICA. Folgo em saber(rs). Muito bom que vc
assim aja! Seguirá, imagino, com sua consciência tranqüila.
Mas, antes de agir com ÉTICA,
deveríamos definir o que vem a ser esta “coisa”, não acha?
Foi o primeiro “e agora, José” que joguei ao seu colo.
Foi o primeiro “e agora, José” que joguei ao seu colo.
Mas, o tempo “ruge” e se
quisermos esmiuçar tudo aqui desta perícia, passaremos algumas horas, no mínimo,
tentando chegar a alguma conclusão, se chegarmos!
Vamos deixar de lado então, mesmo
que momentaneamente, o conceito de ÉTICA.
Meu Conselho, o CRM, assim como
todos os Conselhos profissionais, todos eles possuem seu Código de Ética. Resta-nos
seguí-lo, se quisermos ser pessoinhas comportadas...e éticas! Pelo menos aos
olhos dos Conselhos...seremos éticos. Por ora, vamos nos contentar por aí, ok?
Mas onde eu queria chegar de
verdade, é o seguinte:
Estou eu lá em meu trampo, na
minha “nobre” função de perito, onde devo periciar, que diz a obviedade que é o
que faz um perito. Perito é aquele que pericia. Óbvio, não?
Periciando, de certa forma, "julgo", dou meu parecer, minha opinião, a “palavra final” sobre o caso à minha
frente.
Esquisita e muito estranha esta função, esta
presunção de julgar algo ou alguém, concorda? É fogo, maestro, como dizem os
antigos. Fudeu, como dizem os moderninhos!
Mas, assim como os coveiros,
lixeiros, embalsamadores de cadáveres, limpadores de caixa de gordura ou fossa
negra e afins, alguém tem que fazer este papel, prá que a vida possa seguir. Em
paz ou não, mas seguir. Do mesmo modo o Joaquim Barbosa e seus pares: precisam
julgar. Não há como escapar. Regras e leis
necessitam ter seu Juízes, assim como
outros profissionais precisam fazer o “trabalho sujo” para que a vida siga. Elementar.
Voltando à Psicóloga à minha
frente:
Ok, entendido. Sua ÉTICA faz com
que vc, em sua vida profissional, nunca questione um documento médico assinado
por fulano ou beltrano. Muito bem, vc seguiu sendo ética. Porém, quero agora
jogá-la na fogueira. Digamos que o documento médico jogado em meu colo diga X e
aí, eu, médico-perito, com os meus valores, decida/conclua Y. Decidirei,
concluirei e...assinarei. Ele passará, automaticamente, a ser tb ele um
documento/parecer médico; assinado e carimbado, com meu CRM e tudo! Aí, só de sacanagem, devolvo estes dois atestado para
vc, cara e ética Psicóloga. Quem afinal, está com a verdade?
Verdade? Defina-a! Ela existe? É uma só, para todos? Como alguém pode achar que a verdade existe e, ainda pior, sentir-se dono(a) de algo que não existe?? Como? Não captei, divino mestre!
Verdade? Defina-a! Ela existe? É uma só, para todos? Como alguém pode achar que a verdade existe e, ainda pior, sentir-se dono(a) de algo que não existe?? Como? Não captei, divino mestre!
Então, como vc agiria com estes
dois documentos assinados, jogados em seu colo? Como vc faria se estivesse de
porte de dois atestados médicos, com duas “conclusões” distintas, se a sua ética
ensinou-a a não questionar NENHUM relatório, atestado ou parecer médico? E
agora, José? Sentiu-se incomodada? Sorry, não foi minha intenção. Ou foi!
Onde quero chegar, afinal?
Tentando não ser prolixo, para que estas minhas palavrinhas aqui não sigam pro
lixo:
Uma coisa é vc seguir a “ética”
dos Conselhos, das Leis do Joaquim Barbosa, dos filósofos, daquela aprendida
nos bancos escolares, do Congresso Nacional (argh!) e afins. Outra coisa é vc simplesmente fazer aquilo que acha que
deva fazer. Se fez o que achava que devia fazer, parabéns. Se o que fez foi
acertado, correto, justo, sensato ou...ético, que algum José responda, caso
queira.
A mim coube fazer a única coisa
pela qual luto: fazer aquilo que quero!
Aceito pareceres e julgamentos
contrários àquilo que fiz. Respondo por eles onde quer que seja. “Pago” por ter
feito o que fiz. Posso ser condenado ou aplaudido por ter feito o que fiz, mas
seguirei feliz comigo mesmo, com condenação ou aplausos, por simplesmente ter
feito o que quis!
Já disse aqui no blog, e repito:
Fi-lo porque qui-lo.
Fazer o que acho que deva fazer, prá mim, a esta altura da minha vida, já virou pleonasmo. Faço o que quero.
Como o tempo segue “rugindo”,
paro mais esta prosa por aqui.
E segue a vida, ou o baile; e
sigo eu, na vida ou no baile, feliz por seguir fazendo o que quero!
Eu sou meu próprio Conselho, meu
próprio Joaquim Barbosa, meu Congresso Nacional, minha Constituição, meu
estatuto do Servidor (rs), meu “Ernane” (rs) e tudo mais. Tento fazer o juízo com meu próprio juízo, mesmo não sendo eu uma das pessoas mais ajuizadas(rs). Sigo meus valores maiores! Faço aquilo que acho que deva fazer. Básico!
Nada de prepotência: lógica...quase
cartesiana!
Deixo aqui, com vocês, vários Josés....e
o Carlos (que é o da esquerda, na foto - rs)
Nenhum comentário:
Postar um comentário