(em dois
atos)
ATO I - CANNABIS SATIVA
Éramos três naquela
noite à beira da piscina: eu, uma amiga de longa data e um mulecote de 20 e
poucos anos (amigo da minha amiga), que nunca havia visto em minha vida.
Um pirralho que, com quase toda certeza, nunca leu nada sobre a Mitologia Grega,
Zeus, Epimeteu, Prometeu e outros. No máximo deveria saber algo sobre
Quemtemeteu!
Cigarrinho do capeta
feito, ele começou a ser passado entre os três. Não demorou muito, decolamos!
Aí vem o frangote e
começa a defender sua tese. Sua genial tese. Ajudado quem sabe pelo cigarrinho.
Pediu p/ que pensássemos sobre a cadeia alimentar aqui no nosso judiado
planetinha. Era fácil descobrir que nós, humanos, estamos no topo. No topo da
cadeia alimentar do terráqueo universo. Não há nenhum animal e ninguém mais,
acima de nós!
Viva!! Alvíssaras!!
Estamos no topo. Somos o “The Best”. Somos o “Big Boss”. Salve salve!
Mas o frangote seguiu
falando...
Pois é: the best, big
boss e o cacete, não é? Agora faça um exercício de imaginação, e extermine o
ser humano, só o ser humano, da face da terra. O que sobrará? Um Universo mto
parecido com o que temos hj, mas muito melhorado. Um Universo em harmonia e
equilíbrio, decorrente do extermínio do ser humano. Como somos o topo da cadeia
alimentar, como não há nada e ninguém acima de nós, não somos necessários para
a manutenção do Universo. Para a existência do Universo. Não há ser vivo que
dependa de nós, que precise nos matar, para conseguir sua sobrevivência! Nenhum
animal, nenhum ser mortal, precisa do homem para seguir existindo. Somos
absolutamente descartáveis para que o Universo siga existindo. E sem o homem,
seguirá ainda melhor, sem as mazelas que trazemos, nós humanos, para a
natureza.
Enchemos o peito e
falamos com todo orgulho que somos o TOPO. O BIG BOSS! Mas não enxergamos o
óbvio: trouxemos para este Universo, só a desarmonia...e os Cartórios (rs). Sem
o ser humano, o Universo seguirá, em harmonia, equilíbrio e com a beleza de
sempre!
Somos seres
absolutamente desnecessários!
Bela tese: dou 10, com
louvor!
ATO II - PROMETEU E EPIMETEU
Zeus, “O” BIG BOSS de
todos os Deuses, estava meio de saco cheio com a entediante calmaria que
reinava no Universo. Tudo calmo, nos seus devidos lugares. Tudo era um grande
marasmo. Um tédio total. Nem cartórios existiam (rs)
Aí o sabichão começou a
sentir falta de entretenimento, agito, graça, uma música p/ ouvir, um
livro p/ ler, um filme ou peça de teatro p/ assistir etc... Em Cartório
juro que ele não pensou. Juro por Zeus!
Ou seja, Zeus estava
sentindo falta de.... VIDA! Que viesse, desse entretenimento à ele e seus
chegados e depois partisse(m). Encanou de criar os seres mortais, para acabar
com aquele tédio sem fim.
Checou sua lista dos
mais chegados, e chamou dois. Dois Deuses que estavam dando sopa por ali. Eram
Deuses de quinta categoria. Do quinto escalão. Mas eram Deuses tb! Chamou
Epimeteu e Prometeu e deu a ordem: criem os mortais! Quero diversão para acabar
com este tédio. Que nem mortal poderia ser, Deuses que eram. Era um tédio
imortal! Para todo o sempre!
Prometeu, que era bem
mais espertinho que Epimeteu (eles eram irmãos), chamou o mano e dividiu com
ele a tarefa dada por Zeus.
“ – Olha aqui, Epi – eles eram íntimos -, vc fica com o trabalho menor, mais
fácil, pq sou mais espertinho e inteligente que vc, né? Vc vai ficar
responsável por criar todos os mortais...com exceção do HOMEM. Deste eu tomo
conta. Desta criação eu me responsabilizo. Prometo”
Assim foi. Epimeteu fez
TODOS os seres mortais, e Prometeu fez o SER HUMANO. Mas Epimeteu já havia
lançado mão de todas as ferramentas p/ criar os seres vivos/mortais: as cores,
a água, a terra, o sol, a lua, as montanhas, os sons, as luzes, a chuva, o vento...
Tudo tudo tudo, Epimeteu usou.
Prometeu, qdo chegou sua
hora, sacou: “PQP, tô fudido. O porra do meu irmão não deixou nada p/ mim prá
facilitar minha tarefa. "Agora fudeu!!!"
Pensa daqui, pensa dali,
tentou dar um jeito. Saiu andando por aí, procurando algo que Epimeteu ainda
não tivesse pego, ou que tivesse esquecido de pegar. Conseguiu trazer p/ sua
oficina de criação, o fogo e a astúcia! Só com estas duas ferramentas,
teria que criar o ser humano. E agora, José? Digo, Prometeu! E agora?
Bom: tentou que tentou
que tentou...e saiu isso. Isso que somos. Saiu esta josta que saiu. Até alguém
com a idéia de inventar um Cartório, saiu!
O resultado foi isso! É,
até hoje, isso. Algo que não tem nome, como disse Saramago.
Prometeu... fez merda.
Prometeu... pisou na bola. Prometeu...errou feio!
Por isso que nunca
prometo nada! Nunca.
Mas foi castigado. Não
passou batido. Poderia até ter sido castigado, obrigando-o a abrir um Cartório,
e lá trabalhar para todo o sempre.
Mas não. Seu castigo foi
ainda mais maligno. A vingança dos Deuses foi “maligrina”; foi amarrado às
rochas, e ali deixado para ser comido pelos abutres. Seria devorado pelos
abutres, e para todo o sempre, já que Deus ele era. Já que imortal ele era!
Ah, se Zeus tivesse chamado só o Epimeteu,
né? Ah, se ele tivesse chamado só o mais
lerdinho.
Mas não importa. Não foi
assim. "SE" não existe.
Então, se não
existe outro jeito(rs), pegue sua astúcia e o fogo, volte para o seu tempo das
cavernas, e tente fazer algo melhor do que fez Prometeu. Não prometa, mas
TENTE! Entre em harmonia com a natureza. TENTE viver, como ela, com beleza,
harmonia e equilíbrio!
Não só prometa, p/
não dar merda. Arregaçe as mangas! Hora de agir.
TENTE! Vai que....
Ou abra um Cartório!
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