25 de nov. de 2015

Velozes & Fugazes




Nestes últimos dias, três fatos que se interligam, acabaram chamando a minha atenção.

O primeiro, é que o "feice" irá implementar novas ferramentas para ajudar os pombinhos recém-separados a suavizar a dor da separação: ferramentas do tipo deixar de receber atualizações do(a) ex, fotos onde um ou outro foi marcado(a), o novo "status" do(a) ex e coisas afins. É a tecnologia suavizando as dores do fim de uma história de amor.

O segundo, foi um mero bilhete que um adolescente passou para uma moçoila, em plena biblioteca, onde, por razões óbvias, não se podia usar o celular: o bilhete imitava, em detalhes, uma mensagem enviada pelo whatsapp. Até o detalhe sobre a "carga da bateria" o carinha desenhou. Será que haveria alguma correlação com a sua potência de "macho-alfa?" (rs). Infelizmente a sacada não surtiu o efeito desejado. A moçoila sorriu...e seguiu na dela!






Finalmente o terceiro: assisti ao filme "Ela" (Her), onde o foco todo é sobre o envolvimento emocional de um carinha, por uma moçoila virtual! Mais do que moçoila virtual, ela é apenas um Sistema Operacional. Nada de carne e osso, rosto, feições ou nem mesmo idade. Ela é um software, passando-se como a "mulher perfeita".

Não quero contar o filme, pois  indico aos interessados uma passada por lá, mas deixarei aqui (es)correr alguns detalhes sobre o dito cujo e como os vi.

Não há no filme qualquer explicitação de data, mas podemos facilmente vê-lo acontecendo lá por volta de 2020 ou 2025; ou seja, logo mais! O personagem principal - Theodore - tem como profissão escrever cartas para as pessoas que desejam uma maior aproximação e/ou reaproximação. É uma "Central do Brasil" do século XXI.

Ele passa para o papel, o que A quer dizer p/ B, sempre com palavras escolhidas a dedo e cheias de sentimentoS! É o ganha-pão dele. Assim ele vive. Escrevendo os sentimentos...dos outros e para outros, ilustres desconhecidos dele.

O carinha - Theodore - está passando pelas dores de um casamento fracassado, com alguém de carne e osso e, para amenizar suas dores, adquire o Sistema Operacional que irá salvá-lo. Assim começa seu envolvimento com a Samantha, sua mulher perfeita!

A "perfeição" começa com o acesso ao botão liga/desliga. Ele busca pela Samantha, nos momentos que quer, deseja ou necessita. Nada mais apropriado, né não?

Além disso, a Samantha é aquele poço de compreensão com as dores do coitado, típico de se ver em nossas analistas. Tudo compreende e aceita. Daí para pintar a transferência, é um pulo.

Porém, e sempre existirá um, ela Samantha começa a interessar-se em... "aprender a ter sentimentos". Ela quer deixar de ser um mero sistema operacional e também experimentar as maravilhas do "sentir".

Como disse que não quero aqui contar o filme, vou limitar-me a citar só dois aspectos que me chamaram muita a atenção, nesta jornada da Samantha: o primeiro é que ela, sistema operacional que é, se relaciona com o pobre Theodore e mais 641 usuários do software (rs). O segundo é que, aprendendo a ser sentimentos, até uma verdadeira crise de TPM ela tem em certa ocasião (rs).

Ou seja, caros leitores, a nossa salvação não está mesmo em nenhum software ou sistema operacional. Ele, por mais perfeito que possa ser, aprendendo inclusive a sentir, irá com o tempo transformando-se, até pelo "sentir", em algo muito próximo do humano, com as mesmas "imperfeições, equívocos e dificuldades" que dois seres de carne e osso enfrentam aqui (ou lá?) pelo mundo real!

Um Sistema Operacional pode ter sua valia para quem está se sentindo . Um conjunto de Sistemas Operacionais formaria então um SO(s), Um SOS. Um pedido de socorro! Ao mundo. A todos.

"Salvem-me da minha solidão!"

Porém (parte 2), minha intenção ao fazer este tópico seria também explicitar o que acho do namoro virtual. Não serei advogado de defesa e nem de acusação. Serei PSDB! Serei tucano, de bico grande (rs).

As redes sociais tornaram-se rapidamente em um oásis para os peregrinos perdidos no deserto. Ou seja, para 90% de todos nós que nelas navegamos. Como oásis, teriam quiçá o papel de dar o merecido descanso ao cansado peregrino, abastecendo-o com novas energias para a continuidade da sua jornada. Ninguém vive em um oásis. Ou Shangrilá! Vivemos mesmo no deserto! Se o cansado peregrino chegará sozinho ao oásis e de lá sairá, acompanhado, é um questionamento para o qual ainda não tenho resposta. Pode acontecer? Tendo a achar que sim, pode! Digo isso porque na vida real, também acabamos nos aproximando de A, B ou C, com as mesmas intenções: ter uma companhia para a nossa jornada pelo deserto da vida!

É estranho que o encontro aconteça em um oásis? Pode ser, mas muito mais estranho é o fato de termos tanta dificuldade em nos aproximarmos, de corpo e alma, de um segundo peregrino também cansado. Seja lá fora ou seja aqui pelo virtual. Uma agradável companhia p/ a nossa jornada, que deveria ser o óbvio do óbvio entre os nossos desejos, acaba sendo, no fim, mais um desencontro para a nossa coleção de fracassos!

Ou seja, acho que no fundo no fundo, tudo é mesmo virtual!

É, quem sabe, o amor platônico vencendo o amor real, já que este último deixou a vaga em aberto. O platônico então, mais do que depressa, ocupou o lugar!

O platônico nunca se tornará real? Há controvérsias! Ou, tornando-se real deixa de ser platônico? Deixa de ser amor ou passa a ser, de fato, amor?

Não tem como não fechar o tópico repetindo aqui uma das frases que gosto muito de usar: "Não há o que não haja!"

Quebrando a seriedade, deixo aqui a música do irreverente "Língua de Trapo" que, já no final dos anos 80 visualizava toda esta balbúrdia! Não tenho culpa se ninguém levou o "Língua " a sério (rs)

Se vc, caro(a) leitor(a) que chegou até aqui, vê-se também nesta balbúrdia, ache a saída!! Ache onde fica a porta EXIT. Tenha êxito com mais esta bagunça que aqui deixo!

Ou, como diria o Capitão Nascimento, "peça prá sair!"

Desligue(-se) da tomada!!


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