27 de dez. de 2015

Estou de “chico”...

Abaixo......o Chico!
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O CHICO


Esta é a segunda vez que “baixo” o Chico aqui no meu blog. A primeira, vc encontra aqui:


Agora, é prá palpitar sobre o polêmico encontro, às vésperas do Natal, na saída de algum bar do Leblon, onde o Chico foi hostilizado. Vou tentar fugir de falar sobre a quase unanimidade do Chico músico/letrista (e escritor) e coisa e tal, para me ater ao dito encontro, e as razões que fizeram com que tal encontro ter se tornado tão polêmico.

Faço questão de manter o quase, em respeito e admiração pelo meu guru maior Nelson Rodrigues, quando fala sobre a unanimidade!

Aos fatos:

Saindo do bar, em companhia de amigos, ele foi hostilizado por uma corja de play-boys, que passaram a deixar clara sua repulsa pelo fato do Chico ser um defensor da Dilma e do PT. Play-boys endinheirados, filhinhos de endireirados, sabe-se lá por quais vias e coisa e tal. Porém, também quero deixar claro que não irei perder o meu tempo com os mauricinhos. Um bando de bebês criados a leite de camelo, comendo caviar na papinha e calculando tudo em dólares, ou euros, ou vendo tudo pelo prisma da grife!! Para falar deles, bastam estas poucas linhas.

Ao Chico:

Fiquei sim, e sigo, absoluta e totalmente desapontado com o Chico. Deixo a ele, claro, a total e plena liberdade de apoiar quem ele queira mas, convenhamos, com a cabeça brilhante que sabemos que ele tem, me é por demais estranha esta simpatia dele pela filha Dilma...  e pelo PT, assim como suas variações sulamericanas: Cuba, Venezuela, Chaves/Maduro, Fidel Castro e blá blá blá...

Porra, carinha, logo vc que foi a “nossa voz” nos anos de chumbo, achando geniais estratégias para descer a lenha em nossos ditadores milicos, fazendo genialidades como “Apesar de você” e tantas outras, vira agora defensor, e garoto-propaganda de gentalha do nível desta corja do PT et caterva? Você, Chiquinho dos olhos verdes, sabe que seria calado pelos hoje seus heróis, caso pensasse diferentemente deles, não sabe? Sabe que seria censurado e/ou exilado (ou, idos tempos, terminaria no “paredón”) do seu ídolo Fidel, não sabe? O mesmo Fidel que, apesar de “deposto” pela carcomida senilidade, quando aparece p/ alguma entrevista, costuma estar confortavelmente trajando um uniforme Adidas (ou da Nike). É o social Fidel com seu uniforme Adidas, o Lula com seus vinhos franceses caríssimos (e charutos, enviados pelo hermano) e você em seu retiro em Paris. Em seu chateau parisiense, que passa longe de ser um Duvalier...

É seu direito, Chiquinho. Não vou xingá-lo, ofendê-lo ou crucificá-lo por isso mas, me dê o direito de, veementemente discordar de você e de seus ídolos. Assim como discordei (e sigo discordando) do mano Caetano, outra quase unanimidade e autor, dentre outras obras-primas, do “É Proibido Proibir”, quando entrou na da sua ex, Paula Lavigne, ficando contra as biografias não-autorizadas. Não tenho como não me desapontar. Sorry!

Desabafo com o mano Cae, aqui:


Acabo lembrando-me do genial Millôr, quando diz que “democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em mim”! Ou, ainda melhor, quando ele diz que...” Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou no poder”!

Vê-lo hoje, defendendo e exaltando esta gentalha, desculpe-me, mas é dose prá Geni.....

Bem, depois de rodeios, ao cerne da questão: por que isso tudo me deixa tão puto? Por duas e óbvias razões, sem enxergar uma terceira, que fizeram o “nosso” Chico hoje apoiar quem apóia. A primeira razão é horrível e a segunda...apavorante!! A primeira, seria que você de fato crê nas boníssimas intenções dos Lulas, Fidel(s) e Chaves da vida. É foda ser tão cego, quando se é tão inteligente e “estudado”! Esta é a razão horrível!

A segunda, apavorante, é o(s) fato(s), caso seja(m) verdade(s), de que você e família, andam levando um tutuzinho por fora  desta turma, para livros, filmes documentários, cargos políticos (até Ministério) e afins. Ou seja, a quase unanimidade musical nacional, chafurdou-se na lama junto aos seus ídolos. Não de barro, mas de esterco! Nosso Chico vendeu-se! Prostituiu-se! Enfim, espatifou-se no chão, em mil pedaços.

É foda ficar entre o horrível e o apavorante, mas não é por causa disso que passarei a ouvir Luan Santana, Anita ou Michel Teló. Na “vitrola”, segue o velho e bom Chico. Sem transposição. Sem jabaculê. Sem esquerda caviar.

A Dilma, ou seu criador sapo barbudo, se compositores fossem, fariam genialidades com letras onde nos ensinariam como estocar vento, que há sempre um cachorro atrás de uma criança, que dólar se guarda é na cueca e afins. Altíssimo nível em suas letras. Em seus discursos, dizeres e atos. É muita cegueira para quem foi, por décadas, o dono do mais desejado, amado e idolatrado par de olhos verdes deste nosso patropi!!

De tanto o “Julinho da Adelaide” chamar o ladrão, ele apareceu; e cegou (comprou ?) o nosso Chico! Acorda, amor! Eu tive um pesadelo agora...!!!


 Mas...sem desapontamentos extremos, visto que 2016 já está dando as caras por aí!!

Jogo bosta neste Chico de hoje! Fico só com a Geni!

Perdoe-me pela franqueza aqui exposta. Sigo sofrendo deste mal!

Espero não ter sido por demais Severo; nem Marieta! Sigo seu fã, músico Chico, mas quero o divórcio!

Afinal, "amanhã há de ser outro dia..."

Feliz 2016!

DÊ PLAY


19 de dez. de 2015

O sonho acabou



Ontem, estava assistindo a um vídeo/palestra do Leandro Karnal, quando lá pelas tantas ele disse algo que deveríamos VERIFICAR. Não me lembro o que era que deveríamos verificar e tb pouco importa. Por razões do meu momento, ouvi claramente que aquele algo deveríamos VER e FICAR! Acho que o véio barbudo do charuto explica, sei lá. Mas adorei o VER e FICAR!

Também ontem, não me "foi permitido" acordar "esquisito"! Fui deselegantemente recebido por ter acordado esquisito. Minha esquisitice, mesmo sem abrir a minha boca, incomodou ou ofendeu(?) o outro! Mais uma vez, a etiqueta foi deixada de lado e a indignação, a revolta e a rispidez predominaram! A reação ao fato de ter acordado esquisito foi totalmente desproporcional à minha mera e calada esquisitice!

Engraçado é que no vídeo do LK, ele dizia justamente sobre "quem pode nos incomodar e/ou ofender", respondendo ele mesmo que..."aquele que você permitir". Engraçado, parte 2, é que faz quase 10 anos, em meu período de orkutiano, que estiquei um pouco mais este tema, em um tópico que chamei de "Filhos de Gandhi", citando a frase onde o carequinha diz que nunca perdoou nenhum daqueles que o atacaram, simplesmente pelo fato de que nunca havia se sentido ofendido por seus atacantes. Já sabia que as ofensas que nos atingem são de nossa responsabilidade e não do agressor. Como o LK diz que aprendeu lá pela Índia, com algum guru, a ofensa é uma pedra em brasa que atiramos em cima do outro: algumas vezes esta pedra pode ou não atingir o nosso alvo desejado mas, em 100% das vezes, sem exceção,  ela queima um tanto a mão do agressor que resolveu atirá-la! Bingo!

Mas, posso estar quase careca quanto o Gandhi, posso usar óculos tal como ele, posso andar esculachado tal e qual, mas daí a ter a sapiência do carequinha, vai uma distância abissal! Nem tanto no quesito perdoar ou não, mas no quesito manter-me indiferente a certos "ataques"! Fico sim muito puto da vida quando algo que me pertence, e só a mim, me é proibido por outrem e... (pré)conceituosamente recriminado! Não teria eu o direito de acordar esquisito e optar por ficar naquele dia mais recolhido e quieto? Afinal, não acordei desejoso de pegar nas armas e sair por aí atirando em Deus e o mundo. Não acordei travestido com o meu lado serial killer psicopata. Simplesmente acordei amuado, que é o meu direito! Mas, fui cerceado neste meu direito e, por conta disso, permiti-me ficar puto! Dentre os meus objetivos, não se encaixa o desejo de ser Gandhi. Só quero ser o Paulo mesmo; na boa!


Hoje, por uma daquelas coincidências que só a Tetê consegue explicar, vi umas tantas amigas do feice postando algo do gênero..."chegou a hora de parar de sonhar e partir". Mais uma aprontada da minha querida Tetê!

Aí, volto ao VERIFICAR do LK. Ou ao VER e FICAR do Paulo. Quando nos deparamos com situações em que NOS permitimos ficar putos, repassei o meu bem-estar e a minha paz para o outro. Dei uma procuração ao outro, dando a ele o direito de "mexer no meu queijo". Se após VERIFICAR a procuração eu a assinei e entreguei ao outro, não posso depois me lamentar pelo uso que o outro fizer da procuração. Se assinei, disse que concordo. Ou, como costumo brincar, "escreveu, não leu...o palco é meu"! Assinando, após verificar, vi e fiquei! Terceirizei meu sossego. Devo ir ao PROCON?

Melhor seria, acho eu, VER e PARTIR!

O engraçado, já que sigo brincando com as letrinhas (algo que manterei para todo o sempre - rs), é que tudo isso alcançou-me em um momento em que era meu desejo VER REPARTIR mas a Tetê resolveu tirar o segundo R e isolar o E, sobrando mesmo o VER e PARTIR

Verificar...ver e ficar...parar de sonhar e partir... ver e partir...ver repartir... parar de partir e sonhar... parar de repartir... dar ré e partir... ver o sonho que partiu... ver a puta que pariu...parar de ver...parar de ficar... parar de sonhar... ou parar de ver, e ficar prá ver? Ver no que dá ? Onde estarei mais com as rédeas da minha vida em minhas mãos? Parar de ver, de partir, de sonhar, de repartir, de verificar ou de, simplesmente, ficar?

Ver "somente" o céu? O mar? O céu e o mar eu amaria? "A vida vem em ondas, como o mar", como já nos ensinou Vinícius (não, gente, não falei bobagem não: esta frase é do Vinícius e não do Lulu. Acreditem em mim... ou vejam e escutem o vídeo ao final deste post).

É aquela velha história da qual sigo fugindo como o diabo da cruz: "eu te amo...DESDE QUE..."!

Não gosto e não curto acordar esquisito. Não fico legal acordando esquisito. Se ficasse, não acordaria esquisito, uai! Agora, não brigo comigo, não me recrimino, não me condeno, não faço cara feia no espelho, por ter acordado esquisito. Como o Garfield,  simplesmente sento a bunda no meu canto e espero a esquisitice passar!


Até porque, amado "poetinha" há mesmo hoje a perspectiva do domingo...porque hoje é sábado!!

DÊ PLAY


25 de nov. de 2015

Velozes & Fugazes




Nestes últimos dias, três fatos que se interligam, acabaram chamando a minha atenção.

O primeiro, é que o "feice" irá implementar novas ferramentas para ajudar os pombinhos recém-separados a suavizar a dor da separação: ferramentas do tipo deixar de receber atualizações do(a) ex, fotos onde um ou outro foi marcado(a), o novo "status" do(a) ex e coisas afins. É a tecnologia suavizando as dores do fim de uma história de amor.

O segundo, foi um mero bilhete que um adolescente passou para uma moçoila, em plena biblioteca, onde, por razões óbvias, não se podia usar o celular: o bilhete imitava, em detalhes, uma mensagem enviada pelo whatsapp. Até o detalhe sobre a "carga da bateria" o carinha desenhou. Será que haveria alguma correlação com a sua potência de "macho-alfa?" (rs). Infelizmente a sacada não surtiu o efeito desejado. A moçoila sorriu...e seguiu na dela!






Finalmente o terceiro: assisti ao filme "Ela" (Her), onde o foco todo é sobre o envolvimento emocional de um carinha, por uma moçoila virtual! Mais do que moçoila virtual, ela é apenas um Sistema Operacional. Nada de carne e osso, rosto, feições ou nem mesmo idade. Ela é um software, passando-se como a "mulher perfeita".

Não quero contar o filme, pois  indico aos interessados uma passada por lá, mas deixarei aqui (es)correr alguns detalhes sobre o dito cujo e como os vi.

Não há no filme qualquer explicitação de data, mas podemos facilmente vê-lo acontecendo lá por volta de 2020 ou 2025; ou seja, logo mais! O personagem principal - Theodore - tem como profissão escrever cartas para as pessoas que desejam uma maior aproximação e/ou reaproximação. É uma "Central do Brasil" do século XXI.

Ele passa para o papel, o que A quer dizer p/ B, sempre com palavras escolhidas a dedo e cheias de sentimentoS! É o ganha-pão dele. Assim ele vive. Escrevendo os sentimentos...dos outros e para outros, ilustres desconhecidos dele.

O carinha - Theodore - está passando pelas dores de um casamento fracassado, com alguém de carne e osso e, para amenizar suas dores, adquire o Sistema Operacional que irá salvá-lo. Assim começa seu envolvimento com a Samantha, sua mulher perfeita!

A "perfeição" começa com o acesso ao botão liga/desliga. Ele busca pela Samantha, nos momentos que quer, deseja ou necessita. Nada mais apropriado, né não?

Além disso, a Samantha é aquele poço de compreensão com as dores do coitado, típico de se ver em nossas analistas. Tudo compreende e aceita. Daí para pintar a transferência, é um pulo.

Porém, e sempre existirá um, ela Samantha começa a interessar-se em... "aprender a ter sentimentos". Ela quer deixar de ser um mero sistema operacional e também experimentar as maravilhas do "sentir".

Como disse que não quero aqui contar o filme, vou limitar-me a citar só dois aspectos que me chamaram muita a atenção, nesta jornada da Samantha: o primeiro é que ela, sistema operacional que é, se relaciona com o pobre Theodore e mais 641 usuários do software (rs). O segundo é que, aprendendo a ser sentimentos, até uma verdadeira crise de TPM ela tem em certa ocasião (rs).

Ou seja, caros leitores, a nossa salvação não está mesmo em nenhum software ou sistema operacional. Ele, por mais perfeito que possa ser, aprendendo inclusive a sentir, irá com o tempo transformando-se, até pelo "sentir", em algo muito próximo do humano, com as mesmas "imperfeições, equívocos e dificuldades" que dois seres de carne e osso enfrentam aqui (ou lá?) pelo mundo real!

Um Sistema Operacional pode ter sua valia para quem está se sentindo . Um conjunto de Sistemas Operacionais formaria então um SO(s), Um SOS. Um pedido de socorro! Ao mundo. A todos.

"Salvem-me da minha solidão!"

Porém (parte 2), minha intenção ao fazer este tópico seria também explicitar o que acho do namoro virtual. Não serei advogado de defesa e nem de acusação. Serei PSDB! Serei tucano, de bico grande (rs).

As redes sociais tornaram-se rapidamente em um oásis para os peregrinos perdidos no deserto. Ou seja, para 90% de todos nós que nelas navegamos. Como oásis, teriam quiçá o papel de dar o merecido descanso ao cansado peregrino, abastecendo-o com novas energias para a continuidade da sua jornada. Ninguém vive em um oásis. Ou Shangrilá! Vivemos mesmo no deserto! Se o cansado peregrino chegará sozinho ao oásis e de lá sairá, acompanhado, é um questionamento para o qual ainda não tenho resposta. Pode acontecer? Tendo a achar que sim, pode! Digo isso porque na vida real, também acabamos nos aproximando de A, B ou C, com as mesmas intenções: ter uma companhia para a nossa jornada pelo deserto da vida!

É estranho que o encontro aconteça em um oásis? Pode ser, mas muito mais estranho é o fato de termos tanta dificuldade em nos aproximarmos, de corpo e alma, de um segundo peregrino também cansado. Seja lá fora ou seja aqui pelo virtual. Uma agradável companhia p/ a nossa jornada, que deveria ser o óbvio do óbvio entre os nossos desejos, acaba sendo, no fim, mais um desencontro para a nossa coleção de fracassos!

Ou seja, acho que no fundo no fundo, tudo é mesmo virtual!

É, quem sabe, o amor platônico vencendo o amor real, já que este último deixou a vaga em aberto. O platônico então, mais do que depressa, ocupou o lugar!

O platônico nunca se tornará real? Há controvérsias! Ou, tornando-se real deixa de ser platônico? Deixa de ser amor ou passa a ser, de fato, amor?

Não tem como não fechar o tópico repetindo aqui uma das frases que gosto muito de usar: "Não há o que não haja!"

Quebrando a seriedade, deixo aqui a música do irreverente "Língua de Trapo" que, já no final dos anos 80 visualizava toda esta balbúrdia! Não tenho culpa se ninguém levou o "Língua " a sério (rs)

Se vc, caro(a) leitor(a) que chegou até aqui, vê-se também nesta balbúrdia, ache a saída!! Ache onde fica a porta EXIT. Tenha êxito com mais esta bagunça que aqui deixo!

Ou, como diria o Capitão Nascimento, "peça prá sair!"

Desligue(-se) da tomada!!


DÊ PLAY



22 de out. de 2015

Quem pede um tempo...

...perde um tempo!




Adorei esta frase trazida pela minha terapeuta em uma das nossas últimas sessões! É bem por aí mesmo! Acho até que todos nós, sem exceções (ou raríssimas, quiçá), precisamos, vez ou outra, de "um tempo". Ele pode ser algo salutar, necessário até e que não deve ser adiado. Só que, ao mesmo tempo, devemos estar atento a este "pequeno" detalhe: "quem pede um tempo...perde um tempo". Já vivi isso, tanto como "pedidor" de um tempo quanto ouvir a outra pessoa "pedir-me um tempo"!

A pedida de um tempo é uma faca de dois (le)gumes! O time pode voltar e estraçalhar o jogo, com uma gigantesca virada, voltar o mesmo que era antes do tempo pedido ou até o tempo sair pela culatra. Acabar sofrendo uma fragorosa derrota, até pelo tempo pe(r)dido!!

Nem poderia ser diferente. Depois do tempo pedido, você volta outro. Já não é o mesmo que solicitou o tempo. As águas seguiram rolando por debaixo da ponte, sujeitas a inundações ou estiagens! Se a água parar, empoçar, dá dengue! Parar a água, é dengo(rs)!

"As águas vão rolar! Garrafa cheia eu não quero ver sobrar. Eu passo a mão no saca saca saca-rolha, e bebo até, me afogar. Deixa as águas rolar!!"

Este famigerado "tempo" é mesmo muito estranho. Se há em nossas vidas algo que seja insensível e imutável, é o tempo. Com uma frequência absurda deixamos coisas para "depois". Para um segundo momento. Para uma outra hora! Nos esquecemos que somos todos "Mieles" e José Wilkers", só para citar dois!

O tempo, não muda por nada e por ninguém! Ele deveria até ser uma palavra feminina, de tão insensível que ele é (hehehe - Freud explica, facinho facinho). Ele não para, por nada ou por ninguém. Em nome de ninguém, ele muda seu caminhar. Cada 24 horas seguirá durando...24 horas, independente daquilo que você fizer, ou deixar de fazer! Ele, na verdade, não está nem aí prá você. Ele não está nem aí prá ninguém. Ele é 101% autônomo e não escuta ninguém. Nem rezas, nem promessas, nem velas acesas, nem juras, nem nada. Absolutamente nada e ninguém!

Bem, a prosa "tá" boa, mas agora vou pedir um tempo(rs). Vou até "lá fora" viver mais um pouco. E preparar meu chazinho do Santo Daime de quem andava saudoso! Se ainda seguir respirando, volto outra hora.

Deixo vocês em ótima companhia: Antonio Abujamra e Mário Quintana



DÊ PLAY


Toda idolatria é uma merda



Não sei por qual razão ainda sigo me espantando com algumas coisas. Ou sei, sei lá. Mas sigo me espantando. Eu mesmo já havia vaticinado quando postei A FACE DO FEICE, que adorava um embate e uma (saudável) discussão, quando os pensares sobre o assunto x, y ou z diferem! Gosto das diferenças, tanto quanto dos embates.


Sentia falta, lá pelo face, destes embates. Aí, entrei em um grupo de admiradores do Leandro Karnal, que de fato eu admiro e sou fã! Adoro sua didática, seu jeito de abordar temas diversos, seu fino, irônico e sarcástico humor e outros tantos predicados.

Porém, e sempre haverá um, o grupo dos admiradores é tocado por uma pessoinha que idolatra o LK. Pode ele LK dizer o que bem entender, que a pessoinha irá sempre aplaudir. E de pé! Nunca, em momento algum, irá tentar contestá-lo. Aí a coisa fica difícil, né? Consegui ficar um mês no grupo, até a minha expulsão sumária! Tive o "displante" de dizer algo que não cabia na cartilha da pessoinha. Assim sendo, degola-se o Paulo e o caso estará resolvido!

Isso é a idolatria. Mãe, obstetra, criadora do nosso lado iNgnorante, tacanho, cego, burro, jumento, tolo etc... A idolatria nos cega! Estão aí ainda uns tantos petistas que não me deixam mentir: Lula é o cara, nunca soube de nada, nunca fez nenhuma falcatrua e coisa e tal!

Tenho meus "gurus", já trazidos aqui para o blog, que admiro de paixão, seguirei admirando e seguirei sendo fã de carteirinha deles. Mas não os idolatro! Fiquei muito puto quando descobri, lendo "Fernando Pessoa, uma quase auto-biografia", que o meu guru detestava cachorro. Mais do que detestar, ele na verdade tinha pavor de cachorro! Aí, logo eu, um inveterado (invertebrado?) fã dos cães, fiquei puto por/com isso. Não quis permitir, não quis aceitar, que o meu guru tivesse pavor dos cães. Mas ele tinha, oras! O que se há de fazer? Ele é (era) o Fernando Pessoa e eu sou a pessoa Fernando. Somos dois e, por conta disso, diferentes. Mas sigo tendo o FP como meu guru. Assim como o Salvador Dali e o Nelson Rodrigues, fechando a tríade dos meus gurus, tinham facetas que não tenho. E daí?? Sigo tendo esta "Santíssima Trindade" como meus gurus:



Agora, colidir com uma pessoinha que não aceita eu dizer o que penso, e me degola de um grupo, sumariamente, por eu não pensar exatamente como ela ou por não idolatrar a pessoa que ela idolatra, é "dose p/ leão"!

Escondido lá no fundinho, no acontecido na minha expulsão, vejo claramente que ela assim agiu porque eu, com o meu jeitinho, desmascarei uns tantos ali do grupo, mostrando a eles o quanto eles eram (são) preconceituosos! Joguei a isca e os preconceituosos morderam, deixando a máscara cair, mesmo que a contragosto. A gota d'água final foi quando eu perguntei p/ pessoinha se eu deveria "desenhar" no lugar de falar/escrever, já que estava notando que minhas palavras não estavam sendo lidas com a devida atenção. Perguntar se eu devia "desenhar" foi demais prá pessoinha: ela viu nesta frase, mais uma ofensa imperdoável da minha parte. Levou-me de imediato para a sua (dela) guilhotina!

Lembrou-me o tempo da comu que abri no Orkut, onde prometia, E CUMPRI, que nada nem ninguém seria censurado e/ou teria alguma postagem sua deletada, pela razão que fosse. Queria saber o que cada um faria com sua liberdade PLENA, de dizer o que bem entendesse. Aquilo virou um circo dos horrores, mas nada deletei como prometido. Os imbecis, travestidos de outra coisa, mostraram-se, com folga, como imbecis. A mediocridade de cada um veio à tona.

Como costumo dizer, o peixe morre mesmo pela boca. Ou então, usando de uma sarcástica, felina e irônica alteração do ditado popular, seguindo o padrão do grande Karnal...

"ESCREVEU NÃO LEU...O PALCO É MEU!!!"


Saí do "palco" da pessoinha. Só isso. Sigo dono do MEU próprio palco!


13 de set. de 2015

HOJE



Na primeira longa parada que dei neste meu blog, fui estimulado a retomá-lo quando o Bruxo Abujamra morreu. Agora, novamente passando por uma parada em minhas postagens, volto a inspirar-me no Bruxo Abu para, quem sabe, retornar às minhas postagens, com minhas idéias, pensares e bobagens...

Como ando tendo um caso de amor com a Filosofia, andei xeretando alguns dos programas do Abu - Provocações - , onde ele recebe alguns filósofos, como o Karnal, já aqui citado umas tantas vezes, o Clóvis (idem) ou o psiquiatra Gikovate. Independente do entrevistado, o Bruxo sempre deixa, como última pergunta, a mais "simples" de todas: " - Fulano, o que é a vida?" Independente da resposta obtida, ele repete e repete e repete a mesma pergunta, até o entrevistado dar-se por vencido e descobrir que ele também, filósofo, ou psiquiatra, não sabe definir este enigma.

Na entrevista com o Clóvis, o Abu faz duas citações que gostei muito:

"- A filosofia é uma coisa com a qual e sem a qual, o mundo continua tal e qual" (Gregório Marañón)

" - Nada pode ser dito de tão absurdo que um filósofo não o diga" (Marco Túlio Cícero)

O Gikovate, por exemplo, "rendeu-se", após a terceira vez interrogado, dizendo um simples "não sei"! O Clóvis, também após a terceira vez, procurou as palavras e não as encontrou; calou-se!

Então, metido que sou, quero também dar os meus pitacos, oras! Até já o fiz em outros tópicos, como aqui por exemplo, onde faço uso de uma piada para... "explicá-la":


Quem sabe a vida seja mesmo uma piada, ora bolas. Quem há de me desmentir?

No fundo, aproveitando-me das duas frases citadas acima, acho que é mesmo por este motivo que ando apaixonado pela Filosofia: pense aquilo que quiser, sobre o que quiser, já que nada há na vida que não possa ser questionado e/ou definido por zilhões de diferentes maneiras. Independe se com isso você irá ou não descobrir a América. Independe se com isso você descobrirá finalmente o sexo dos anjos. Independe se com isso você aceitará com mais naturalidade o fato de sermos mortais. Como diz o próprio Clóvis, no tópico "Desafio vencido", tenha brio: tente entender o que é afinal a vida. Sei que ela seguirá "tal e qual" como disse o GM, mas ao menos você deu uma razão para o Tico & Teco existirem. Com os neurônios parados ou adormecidos, abriremos as portas para os "Alzheimer" da vida.

* Desafio vencido:


Também como diz o Karnal, minha "definição" de vida muda a cada instante: minha visão, evidentemente, é válida para aquele momento, aquele instante em que tento responder a esta intrigante pergunta! Hoje defino a vida como sendo x, ontem eu a definia como y e, provavelmente amanhã acharei que ela é z.

Tem vezes que rezo mais pela cartilha de um ou de outro. Tem vezes que me vejo partilhando mais a definição dada por fulano ou beltrano. Tem vezes que discordo, deste ou daquele. Tem vezes que mudo aquilo que disse ontem. Não abandono, nem deixo para trás, minhas mudanças e/ou incoerências sobre o assunto. Não fujo das minhas dúvidas e dos meus dilemas. Prá minha sorte ou azar (vai depender do estado do dia - rs), sigo achando um tesão tentar responder algo que beira, ou é, irrespondível! Para muitos, estarei desperdiçando o meu tempo. Para mim, estou vivendo!

Se para alguns isso tudo não passa de churumelas ou besteirol, sem problemas. Há gosto prá tudo! Há gosto em setembro!!

HOJE, imaginando-me frente ao Bruxo Abu e sua instigante e final pergunta, responderia seguindo o padrão do meu querido Cyro:

" - O que é a vida?"

" - O que é a vida!"




DÊ PLAY



1 de set. de 2015

Estratégias de guerra




Já que Morfeu esqueceu-se de passar por aqui hoje, volto ao blog. Vantagens de um aposentado: independente da hora, faço aquilo que minha vontade pede. Se depois terei que acordar um tanto mais tarde do que o habitual, deixo para saber amanhã. Sei que não haverá nenhum patrão aguardando a minha chegada.

Tenho visto muitas entrevistas aqui pelo Youtube. A principal de hoje foi um episódio do Roda-Viva entrevistando o Luis Felipe Pondé! Ele levou com a turma de entrevistadores, um papo-cabeça, claro! Discorreu um pouco sobre tudo. A parte que me fez voltar aqui ao blog, foi quando ele discorreu sobre a mentira! Teria adorado se ele tivesse dito, curto e grosso: " - Eu nunca menti. Esta frase agora, é a primeira vez !!" Seguiria o padrão cínico e sarcástico do Paulo. Mas, evidente, ele respondeu no padrão Pondé! Acreditei, e gostei, da resposta do carinha! Curto também mais este louquinho, como outros que ando citando por aqui.

(* para os mais curiosos e preguiçosos, ele disse que sim, que mente como todo mundo mas, nunca profissionalmente. Nunca quando está frente a uma platéia, uma sala de aula, entrevista, escrevendo um artigo ou afins. Na defesa das suas idéias maiores, ele não mente. Mente só, diria eu, mundanamente. Até porque, completaria com mais um chiste, o mundano mente. Ele não é um profissional mundano)

Aí, lembrei-me também que neste fim de semana tive uma prosa, não tão longa mas também nem tão vapt-vupt, sobre sinceridade, transparência, verdades e mentiras. Temas sabidamente etéreos, que dão muito pano p/ muita manga. Como definir claramente cada um destes, digamos, quesitos? É, claro, ao sabor de cada um. Mas, no fundo, acabo concluindo que, mesmo quando o diálogo é mais profundo, onde ambos buscam um saudável acréscimo em suas, até então, convicções, somos e seguimos sendo estratégicos, buscando sempre puxar a brasa p/ a nossa sardinha! É mesmo complicado, senão impossível, fugir de um certo percentual de egoísmo e egocentrismo quando queremos defender nossos valores! É natural e humano que assim seja. Mas não deixa de ser uma estratégia. Um plano elaborado para "vencer" a diferente idéia e/ou concepção, ou até mesmo convicção, do outro sobre aquele assunto.

Depois, abandonado por Morfeu que fui, lembrei-me de um velho e surrado ditado popular: "Na guerra e no amor, vale tudo!"

Preparei meu chazinho do Santo Daime, e fui destrinchar um pouco mais este manjado ditado. De cara, algo me saltou aos olhos: se a frase faz sentido, posso depreender que então o amor - ou a busca do - é uma guerra! Em sendo uma guerra...tudo é válido!

Quase que simultaneamente lembrei-me de um texto que deixarei também postado aqui ao final, apesar de já tê-lo postado em outro tempo, para que aqueles que ainda não o tenham lido, que o façam, e meditem com as sábias palavras do seu autor sobre esta tal busca do (ou pelo)  amor. A feliz comparação que ele faz com as posturas que dois seres podem fazer quando ambos querem achar um ponto de equilíbrio em suas histórias de suas buscas maiores. Como ele, autor e psicanalista vê, em seu universo profissional, as duas vertentes que mais se destacam neste universal anseio de todos nós. Os que se postam como tenistas ou os que se postam como jogadores de frescobol. O paralelismo por ele usado foi, a meu ver, muito feliz, indo ao cerne da questão! Competidores e não-competidores!

Neste momento, prá minha tristeza, fico querendo saber se no diálogo acontecido no domingo, estávamos ali como competidores ou não. Estávamos ali defendendo cada um seus valores e suas idéias maiores? Estávamos ali, ambos, transparentes ao extremo? Mergulhamos na profundidade da nossa (capacitada) sinceridade? Conseguimos ter esta capacidade em ser sincero como algo pleno, já que a  dita busca é algo tão especial e único? Será que, na verdade, acabamos usando e abusando de estratégias, como em uma batalha, p/ finalmente conquistarmos o território desejado? Mas, na guerra, o território desejado é o território...do outro. Do seu oponente. É o território daquele que é o seu inimigo.   

Este "vale tudo" do ditado me incomoda além da conta. Não consigo vê-lo com bons olhos. Aceito, até para não tornar-me definitivamente um ET, que sim, somos todos estratégicos. Sei que "precisamos" de um tanto de estratégia para enfrentar a vida. Mas o duro, e é onde eu empaco, é saber até onde o usar  da caixinha das estratégias faz bem no propósito de se buscar ou encontrar o amor! Acabo ficando sentindo um estranho cheiro no ar!

Assim como brinquei acima ao dizer que o mundano mente, buscar o (dito desejado) amor não deveria, nem de perto, passar por algo que pudesse ser catalogado de algo mundano. Acho que a saída é uma só: dois seres que almejam construir algo juntos e duradouro, devem, conjuntamente, serem capacitados de criar um clima que a ambos envolva, onde o máximo de transparência, sinceridade idéias sonhos e ideais maiores possam vir, naturalmente, à tona!

Caso, pelas razões kjjhhgggjh *fd*&¨kxbdhb *¨&%$#@@  %$$#$# estes  dois seres não consigam criar este clima, aquilo que já é uma agulha no palheiro, torna-se uma agulha da COR PALHA, no palheiro.

Com a palavra,  Rubem Alves!!



XERAZADE


Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os do tipo tênis e os do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietszche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a velhice? Tudo o mais no casamento é transitório mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar”.

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente. Terminam na morte, como no filme “Império dos sentidos”. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, Xerazade o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. Há carinhos que se fazem com o corpo e há os que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: “Eu te amo, eu te amo...Barthes advertia: Passada a  primeira confissão “eu te amo” não quer dizer mais nada”. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: Erótica é a alma”!

         O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva que indica o seu objetivo sádico, que é de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza do outro.

         O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e quem recebe faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como a ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

         A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...

         Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada.

         Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre esse jogo de tênis:

         “Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem um valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: “não se faça mais de estúpido do que é, meu amigo.”

         Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como uma bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

         Já no frescobol é diferente: o  sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
        
        

(Rubem Alves – Psicanalista e escritor)

31 de ago. de 2015

IMPOSTOS & QUADRILHAS



Dia de terapia sempre me enseja a voltar aqui para o blog. Acho que pela óbvia razão de que, como já disse, este meu blog ser nada mais do que a extensão do meu divã, além da minha fascinação pelo tema. A terapia, sem aspas, é limitada a 50 minutos, ao passo que a "terapia" é mesmo eterna e constante. Como diria a grande "filha Dilma...", ela ocorre diuturna e noturnamente (rs)! Como o limite "imposto" pelos 50 minutos acaba me deixando a sensação de que algo mais faltou p/ ser papeado ali...corro para o blog. Neste aspecto, terapia ou blog, são ambos bengalas que uso para os meus propósitos.

Se você ainda está por aqui, me lendo, deve estar se perguntando "o que o c* tem a ver com a calça", entre a foto que abre o blog e o nome do tópico. Só um mero chiste da minha parte, carinha! Só uma pitada lúdica, sobre o assunto que é e segue sendo a pedra no meio do meu caminho. A foto pode parecer incoerente com o título, mas esta incoerência é só (mais) uma brincadeira minha p/ quebrar a sisudez do tema.

Posso até ser, ou sofrer(?) do mal de virar um monotemático. Aqui você nada irá ler sobre Lula, Petrolão, Zé Dirceu, PT ou outras escrotices. Falo de outras "quadrilhas" e "impostos"! Falo dos incômodos da minha alma!

Volto ao surrado tema da minha busca maior: o auto-conhecimento. Sei, e me vejo, com um alto conhecimento, que até tem lá uma certa valia mas, no quesito aUto-conhecimento, vivo sendo surrado, já que este termo usei ao iniciar a frase. Querendo sair da caverna. Da toca primitiva! Querendo ME impor!

Como hoje, mais uma vez,  enchi a terapeuta de "Why(s)",  venho dar sequência nos minguados 50 minutos por aqui...UAI!!

IMPOSTOS - Disse p/ ela, reconhecendo o bebê chorão que ainda cismo em ser e reluto em deixar crescer (Síndrome de Peter Pan?), o quanto eu me melindro quando o mundo me IMPÕE coisas ou situações que não seriam a minha escolha, se pudesse escolhê-las a meu bel prazer. Me foi imposto nascer, me foi imposto ter o cordão umbelical cortado, me foi imposto ser desmamado, me foi imposto ter tido a família que tive, me foi imposto envelhecer, me foi (me é, me tem sido) imposto ver meu corpo definhando a cada dia. É mesmo o choro de um bebê birrento e tolo; ou um lunático ou um D. Quixote, sei lá! Perda de tempo fazer bico se enchendo de Why(s); é sabedoria acordar para os UAI(s)! Ou maturidade, quiçá! Perda total de tempo lutar contra moinhos de vento.

Ainda bem que, além dos moinhos de vento, havia uma Dulcinéia. A Dulcinéia que só ele enxergava. Um delírio quixotesco do grande guerreiro. A Dulcinéia era simplesmente a projeção de sua mente, que justificava todas as suas delirantes batalhas. Ela era a perfeição e a personalização exata de tudo que buscava para a sua vida.

Vivemos mesmo assim: acho que a quase totalidade de nós vive atrás da sua Dulcinéia. Ou do seu Romeu, ou da Bela Adormecida...

Meu xará, Fernandinho Pessoa, já tentou lembrar a todos nós, via "Eros e Psiquê", que somos nós mesmos a nossa Dulcinéia, o nosso Romeu ou a nossa Bela Adormecida. Mas, Peter Pan que todos somos - ou um significado número de todos nós - seguimos buscando-a..."lá fora"!

É este o intuito maior da minha persistência com a terapia e com o auto-conhecimento. Afinal, como li outro dia, em uma frase do Sartre, "se você não se sente bem estando sozinho... é porque não está em boa companhia!"

Como a teoria é fácil, né não? Como ela é óbvia. Ela é um gigantesco UAI, no lugar de tantos Why(s) que cismamos em acumular. Mas, como terminei a sessão dos 50 minutos de hoje, ainda somos seres das cavernas neste assunto. No quesito conhecer-se ainda somos primitivos e pré-históricos. O foda é saber e reconhecer isso mas, é obrigatório que você saiba e conheça qual "você" deve mudar.

Chego então às QUADRILHAS!

Sem exagerar no tom brincalhão, é claro que enquanto o nosso AUTO for BAIXO, iremos nos deparar como integrantes de quadrilhas atrás de quadrilhas. Aquela poética quadrilha que tem como pai o nosso grande Drummond. Mas quadrilhas!

Enquanto não sairmos das cavernas, seguiremos fazendo parte de quadrilhas! Nelas encontraremos zilhões de Dulcinéias e Romeus. Mas, mais uma vez a vida brinca com a gente: o Romeu casa com a Dulcinéia e a Julieta com o D. Quixote (rs)!

Ou seja, retorno ao óbvio. Ao gigantesco UAI: bastar-se é o único caminho que nos livra dos impostos e das quadrilhas! Volto à teoria. À óbvia teoria. Óbvio ululante, com diria meu guru NR!

Praticar esta teoria é o grande desafio. Colocá-la em prática é o "x" da questão! É óbvio, é evidente, é claríssimo é inquestionável que só pode ser por aí. Virar dois? Só depois de ter virado um. Inteiro. Pleno!

Temos mesmo que dar um passo de cada vez. Conquistar-nos antes, ao invés  de sairmos por aí p/ conquistar A, B ou C!

Como diz outro texto (acho que da Martha Medeiros) que diz:

"...Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio...!"

Voltando à foto, está mais do que na hora de deixar para trás alguém que ama dores! Quero profissionalizar-me na matéria Paulo. É ela a minha lição de casa!

Sigo me buscando. Sigo na minha "cola" (rs)

Um dia me alcançarei. Sem impostos e sem quadrilhas!



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24 de ago. de 2015

Why ou UAI?



Em uma das minhas últimas sessões de análise, minha terapeuta relembrou-me desta passagem da palestra do Leandro Karnal, postada ao final do tópico, onde ele diz enfaticamente que "a ignorância é uma benção".

Claro que não falo da inguinoranssa acadêmica. Esta pode até fazer uma besta quadrada tornar-se Presidente da República. Esta inguinoranssa, como a do sapo barbudo, é a mais escrota que poderia existir. Este escroto, pai supremo de toda merda que está por aí, é um ignorante de princípios, de valores e de dignidade. Ser analfabeto é só um mero detalhe. Não é a escrotice dele. A escrotice dele é uma escrotice moral. De valores. De dignidade. Ela é, de cabo a rabo, execrável, tanto qto o sapo barbudo o é! Falo da ignorância filosófica (IF), vamos assim dizer. Esta ignorância - IF - concordo com o Karnal que é mesmo uma imensa benção.

Vejam e ouçam o Karnal e depois leiam o Jorge Luis Borges. Você pode até dizer que o JLB desmente o Karnal. Pode até dizer que o primeiro tem uma visão muito pessimista das coisas, enquanto que o poeta é muito mais otimista. Pode até ser. Otimista, mas nem tanto esperançoso, já que termina com um "SE.... mas estou morrendo!" O Karnal, gostemos ou não, segue (se) questionando. O poeta, "acordou prá morrer!!" Preparou a cama....

Porém, comentei com minha terapeuta: depois que saímos do campo da ignorância, da IF, não há volta! Simplesmente não adianta querer voltar a ser um IF. Não há como apagar o tanto de "aprendizado" que você conquistou no caminhar da sua vida. É um caminho sem volta. Sobra para alguns pouquíssimos privilegiados, a meu ver, a graça ou o dom supremo de seguir com um conhecimento filosófico tal, que os levam para o Nirvana. Ou para o Paraíso ainda por aqui. Graça disponível para um Buda, ou um Dalai-Lama, ou Gandhi ou figurinhas do tipo. Ou seja, a milhões de anos-luz de nós, pobres e medíocres mortais, pertencentes à "classe média" do conhecimento filosófico.

Assim, sabemos um pouquinho mais do que o "vovô viu a uva. A uva é da vovó!" Não somos plenamente ignorantes enfim! Somos só tolos! Quando saímos da ignorância, começamos a nos deparar com os questionamentos da vida. É uma avalanche de perguntas, sempre esperando algum porque como sábia e definitiva resposta mas, no fundo, são todas elas tolas e inúteis, e  que muitas vezes nos tiram do prumo e nos desequilibram.

A sabedoria dos IF(s) simplesmente trocam o Why pelo UAI! Ao invés de querem saber por que isso ou aquilo, os IF(s) simplesmente enxergam que é isso ou aquilo, UAI! Deixemos os Why(s) para os gringos, e fiquemos simplesmente com nosso mineiro UAI, uai!

Ou então comecemos a pensar na possibilidade de criarmos uma nova Faculdade: a Faculdade da Ignorância. Você se matricula e todas as matérias dadas serão voltadas para você tornar-se novamente um ignorante. Mas, convenhamos, será um trabalho hercúleo passar de ano. Ainda nem decidi, ou não sei mesmo, se passaria de ano aqueles com as melhores notas ou com as piores (rs)! Já que, se você for muito bem no quesito ignorância, pode ser sinal de que você não seja de fato um ignorante, concorda?

No final de tudo, acabo ficando com uma ligeira impressão que só o tempo nos fará voltarmos a ser IF(s). Quando finalmente chegarmos lá, é sentar a bunda e esperar a hora da despedida final. Como o grande JLB!

Enquanto a nossa hora não chega, seguiremos com os SE(s), sem chegarmos ao IF.

Queiramos ou não, os SE(s) nos acompanharão!

Não somos mesmo abençoados!!

E você? Fica com o Why ou com o UAI? Ou vai questionar..."why UAI? (rs)"

Se eu fosse IF... !!

If I were IF... (rs)!!

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