31 de mar. de 2017

Ata De Sabadoyle




Trecho de um texto intitulado "Ata De Sabadoyle", escrito por Pedro Nava, quando do aniversário de 80 anos do Drummond



           "...E chegamos aqui a essa preparação que vínhamos esboçando desde o princípio - a SOLIDÃO. Se a proteção do homem é aquela sua limitação biológica de que já falamos - pele e mucosas que nos separam do ambiente dão-nos também uma forma e um limite. E é este último que nos torna imiscíveis, nos prende e encarcera naquela forma. Nossa forma é solidão. Pela lei da natureza somos seres , e estes, desde os aparentemente simples como os constituídos de uma única célula até aos primatas que somos, nós os homens, nossos primos os macacos, nossos aparentados os morcegos feitos de milhões de células - somos seres sós. A solidão é nossa essência, nosso carater, nossa condenação, nosso destino, nossa grandeza. Mal paridos, a interrupção circulatória do cordão umbelical a dente pelos animais inferiores, a golpe de sábia tesoura pelo ser humano - nos exila para todo o sempre. Na infância, na mocidade, pela amizade falível e pelo amor passageiro - temos a ilusão de que estamos acompanhados, quando apenas somos gregários para mais seguramente exercermos o egoísmo, a tirania, a opressão ou, passando ao pólo oposto e virando de malho  em bigorna, agüentamos dos outros aqueles exercícios em nossa pele. Tudo isto é serviço prestado ao homem para mostrar-lhe o que é mundo e a ilusão da mundanidade e do mundanismo. Não há companhias. Há solidões que se acompanham, que se toleram, que se repelem. Tudo na progressão moral é aprendizado de solidão e só ela é o verdadeiro destino para que o homem tem de se preparar para encontrá-la na velhice com o mesmo afã - igual ao seu ímpeto de moço à hora dos esponsais. Só na solidão se geraram as grandes coisas - a Divina Comédia e os Lusíadas; Guerra e Paz e a Educação Sentimental; as Quatro Operações, as Equações e os Teoremas da Geometria; a Teoria Celular e a Teoria Microbiana; a Lei da Gravidade e a da Gravitação Universal; A Primavera e a Gioconda; a Sonata Patética e os Quartetos de Mozart; a Vênus de Milo e o Aurige de Delfos. Ninguém fez isto de sociedade, de combinação, de trato mundano - senão e só dentro das ameias da sua solidão.

 
          Repitamos: a solidão é nosso destino. Precisamos nos preparar maduramente para que ela , na velhice, nos seja - não inimiga, mas a amiga e o bálsamo, não o castigo , mas a exaltação e a liberdade. A solidão é a reserva para cada um do seu tempo, na integralidade relativa que é a do ser vivo. O nosso poeta Drummond foi e é senhor de escolher os seus caminhos. Quer o do seu tempo, quer o da sua solidão. Respeitemos este desejo do poeta. É com esta exortação que termino esta ata. A ele todo o mais tempo que lhe destine seu recado genético, que ele continue por todo o que lhe restar - a povoar sua solidão e a dos outros com sua companheira e a de todos nós que é a poesia."


Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 1982

                                                            
                          (Pedro Nava)


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30 de mar. de 2017

Espelhos, Reflexos & Reflexões



 Mente que te quero mente
Mente que te quero. Mente
Mente que te quero !!


Eu a vi ali, aproximei-me e fiz contato
Atrás dela havia um espelho
“Atrás dela” eu estava...
Ali estávamos nós!
Perdidos, ali estávamos


Havia um espelho
Havia tristeza
A via um espelho!
A via tristeza!

Ela, refletida, mostrou-me!
Sou eu? Serei eu?
Quem sou? Quem serei?
Sou o que faço. Nada faço.
Nada sou.
O que serei?

Se errei em ser rei
Encerrei o ser rei
Só errei em rei ser
Um rei, só
Só um rei
Um rei só!

Sendo rei
Encerrei o que serei!
Cerrei meu desejo de ser rei!
Ser rei não mais serei

Enterro o rei
Encerro o rei
Fecho os olhos para o rei
Em terra de rei, errei em ser rei!
Encerrei o ser!

Quero a rainha ser
Quero a rainha ter
Quero a rainha em prosa
Quero a rainha em verso

Minha imagem e meu reflexo
Mais a trouxe a mim
Mais a esperança veio
Mais a vida sorriu!

Quem ela é?
Quem sou eu?
Quem somos nós?

Mais a conversa segue...
Mais a vontade cresce

Não amo o que sou
O que venho sendo
O que venho tendo

O que venho sendo?
O que venho tendo?
O que sou!

O que sou?
O que não amo!

Vejo-me no espelho
Invertido
Olho...percebo...reparo:
À direita, o coração
Endireite o coração
Inverto-me para endireitar-me!

É direito o coração?
Ir direto ao coração!
Quero ser e sinto medo
Minha segurança está no que sou
Minhas garantias
me garantem o que sou!
Mas nada sou
E quero ser!

Não, ser o que sou
Ser o que não sou
Ser meu inverso
Ser meu avesso
Ser-me em verso

Quero sua prosa!
Não presa!
Sem pressa!
Impressa!
Em mim!

Mais a esperança de tê-la
Mais a punjança de ser
Não sou....
mas quero ser!
Não sou...
mas quero sê-la!
Não sou...
mas quero tê-la!
Mais a esperança é você
Mais uma esperança criança!


A prosa do inverso
A prosa em verso!
A esperança em prosa!
Espero sua prosa
Do “Universo” à prosa...
Espero você.


(16.04.08)

29 de mar. de 2017

Nem todo dia é dia de pão quente



Hoje o pão está murcho e com cara feia? Cara de pão amanhecido? 

Pois é, mané! Esperava o Nirvana? Ele teve vida curta. Morreu com o Kurt! Vc curte o Nirvana? Nostálgico e trágico você, hein!?

Ah, não é da banda de rock que vc está falando? Quer filosofar? Já não te avisei que "a filosofia é algo que, com a qual ou sem a qual, a vida segue tal e qual?" E mesmo assim vc quer filosofar?

Então tá:

Nirvana, na filosofia budista - A extinção da insatisfação

Então tá parte 2! Você, Paulinho Fernandinho, quer encontrar o Nirvana?

Bom, como hoje eu não estou com muito saco p/ ficar aturando bebê chorão, vou te propor o seguinte:

Chore aí (no caso, aqui) as suas dores pelo texto do seu xará Fernandinho Desassossegado Pessoa e depois, "perca" 13 minutinhos ouvindo, de novo, seu chegado Clóvis. Quem sabe ele te ajude, mais do que eu mesmo ou do que este vinho que você abriu, te relembrando por quais valores você luta, vive e defende! Quais são os valores que você ama? São os seus valores que você ama, PF. Não exagere na sua cota de mimimi!

Combinado?

Depois, se quiser, tome seu midazolan e fique quieto, carinha! Acredite, eu gosto muito de você mas não abusa, tá?

Nem todo dia é dia de pão quente? Então tá! Volto outra hora, quando nova fornada estiver saindo!

________________________________________________


          A alma humana é vítima tão inevitável da dor que sofre a dor da surpresa dolorosa, mesmo com o que devia esperar. Tal homem, que toda a vida falou da inconstância e da volubilidade feminina como de coisas naturais e típicas, terá toda a angústia da surpresa triste quando se encontre traído em amor - tal qual, não outro, como se tivesse sempre tido por dogma ou esperança a fidelidade e a firmeza da mulher.

            Tal outro, que tem tudo por oco e vazio, sentirá como um raio súbito a descoberta de que têm por nada o que escreve, ou que é estéril o seu esforço por ensinar ou que é falsa a comunicabilidade da sua emoção.

              Não há que crer que os homens, a quem estes desastres acontecem, e outros desastres como estes, houvessem sido pouco sinceros nas coisas que disseram, ou que escreveram, e em cuja substância esses desastres eram previsíveis ou certos. Nada tem a sinceridade da afirmação inteligente com a naturalidade da afirmação espontânea. E isto parece poder ser assim, a alma parece poder assim ter surpresas, só para que a dor lhe não falte, o opróbrio não deixe de lhe caber, a mágoa não lhe escasseie como quinhão / igualitário / na vida. Todos somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento. Só não passa quem não sente; e os mais altos, os mais nobres, os mais previdentes, são os que vêm a passar e a sofrer do que previam e do que desdenhavam. É a isto que se chama a Vida.


(Fernando Pessoa  -  Livro do Desassossego)



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28 de mar. de 2017

OMERTA


A ORMETA, vocábulo italiano substantivo feminino significa a solidariedade dos delinquentes, e é o lacre que fecha e blinda contra qualquer evidência, grupos criminosos. Quem não silencia, é silenciado!

Dito isso, claro, venho até o blog por a boca no trombone. "Pernacchia per tutti!."

Ontem, seguindo a maré dos meus últimos dias, mais um dia intenso. Mais um dia onde 24 horas foi pouco para caber tudo que veio vindo. Mais um dia comemorado!

E é interessante perceber como ele vem com as mais diversas maneiras e roupagens: com o silêncio, com a tagarelice, com a prosa curta, com postagens pelos Faces da vida, pelo telefone - que toca e que também não toca - pelo inesperado e pelo desejado. Nem sempre assemelhados.

Quase que no automático, relembro-me do Nietzsche e sua famosa frase aqui postada. Principalmente em seu final: "... o universo tentará te dissuadir!"

Há aquele que toca a campainha e corre, o que sai em busca de algum Leão, o que teoriza e prega, mas não vive sua doutrina, os fakes - alguns com CPF e RG mais evidentes de que tantos não-fakes - os que capricham na selfie e por aí seguimos...

Como isso é um fato, caráio! Como tentam! Vai desde um 0800 tocando, passando pela falta de água no chuveiro, até...um convite dos "Deuses!" Ainda bem que existem as aspas. Sem ela, os Deuses seriam mesmo Deuses. No caso aqui, meros "deuses", agora em minúsculas!

Fizeram-me um convite. Dos deuses! Fui lerdo, como de hábito, e demorei, sei lá, uns 5 minutinhos para responder. Declinei do dionísico convite!

Olhando o convite com mais atenção, por longos 5 minutinhos, identifiquei ali o "Universo" sobre o qual El Bigodón se refere. É a turma da Ormeta, dizendo que o convite necessita, por espontânea obrigatoriedade, ser aceito. Nem mesmo um mero e elegante R.S.V.P. havia no convite. Quem o fez era só o carteiro!

Olhei para o(s) remetente(s)... e ouvi El Bigodón: "sempre alerta, Paulinho. Sempre alerta!" Alertei-me e declinei. São eles, o Universo, incomodados por eu estar onde estou. Deixar alguém quieto já não é das proezas maiores do ser humano e, se o outro anda inquieto e meio que mal-colocado no mundo, aí é mesmo que a quietude da gente incomoda.

Por mais puxões "universais" que eu siga levando, por mais convites ou "convites" que eu siga recebendo, por mais que o telefone toque para me testar, por mais que o telefone não toque para me testar, sigo com o mafioso PF. Sigo fiel à minha solidariedade pactuada com o delinquente PF.

Sigo com o capo PeFeTeLe!

O resto, é só o Universo!

Segue a terça!



DÊ PLAY





* Ouço o capo dizendo: " o mér tá ali no pote. Capriche no café da manhã da sua terça. Ela está lá fora te aguardando!"


Bóra, terça!

22 de mar. de 2017

A MINHA DIVINA COMÉDIA



ATO I - EUNUCAS


Ontem, caminhando pelo Facebook, encontrei-me com a Olga, colega da minha turma de Medicina Unicamp (X Turma, viva !!!) , e ela, ao comentar minha homenagem/citação ao Mário Quintana, disse que ela tb adora o bom velhinho (MQ), mas não entendeu pq o chamei de eunuco! Respondi, apontando o tópico com este nome aqui no meu blog. Ela foi lá (ou melhor, veio aqui) e voltou, já que o assunto era EUNUCO, com uma "sacada" legal: "...nós mulheres já nascemos eunucas e quem sabe isso explique nossa alma feminina". Respondi p/ ela, com humor padrão PF:

"Eunucas!!! Eu? Nunca!!"

Quase falei....Eunucas??? Bahhhhhh!

Mas, acho que naquela hora, eu estava dando um chega p/ lá no Paulo que se via misógino. Algo do tipo: "Para, Paulinho, que desperdício vc ser misógino! Misantropo até tudo bem. Misantropo até que te dou um tanto de razão, se você quer saber. Também vejo a mediocridade que grassa por aí. Grassa e sem a mínima graça! Mas misógino, além de ser exagero, é um desperdício. Logo vc, Paulinho?"

"Caso se veja como eunuco, não crie nenhuma misoginia em cima disso. Seja o eunuco como aquele que é pacífico, mesmo que, não necessariamente, sábio!"

Pacífico, mas com a espada embainhada!

Eu, eunuco? De qual eunuco estamos falando?

Segui minha caminhada, caminhando. Segui minha viagem, viajando!




ATO II - QUEM É SIMONE?


Cheguei a uma hospedaria e assim que me apresentei, quem estava lá pela recepção já começou, de pronto, a pegar meus dados básicos como RG, CPF e essas coisas, dizendo que era p/ fazer a minha ficha.

A.... "curiosidade" era sobre alguma Simone que não se chamava Simone. Ainda bem. Se fosse, alguém iria até a vitrola ali (estou mesmo velho) e colocaria p/ tocar: Então é Natal...." Em pleno Carnaval? Não. Só uma liberdade artística minha.

Como olhei pro lado direito e não vi mulher nenhuma, para o esquerdo também não,  e  também não vi a " Simone Então É Natal", fiquei meio que perdido, sem saber o que responder.

Mas a pergunta, claro, levou-me à foto. "Coreógrafo, please, desça a foto: "




Thanks!



Olhei p/ foto e aí fiquei matutando. Tem um tópico meu por aqui, acho que chamado "Gawain Buarque de Hollanda" onde, pretensiosamente, tento responder à pergunta que nem o Freud conseguiu, dizendo "afinal, o que querem as mulheres!"


(Ahhhh, achei. Realmente, quem procura acha. Estava aqui:  http://simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2015/07/gawain-buarque-de-holanda.html)

Haja pretensão, My God, como diriam em NY. Como disse, estou condenado à prisão perpétua mesmo, não podendo nunca abandonar minha terapia pois, ou eu me sinto mesmo um grande merda, ou sou pretensioso demais e estou surtando! Diagnóstico de Bipolar, fechado! Haja terapia eterna!

Mas, desculpa aí, eu me curando de algumas tantas fraturas, amputações e "os caralho", e vc me pergunta isso? Só isso e em letras garrafais?

Ah, tadinho d'eu, sô!

Quando tive alta, consegui perguntar p/ quem queria saber quem era Simone e, como resposta, ouvi : " É porque, além de trabalhar na Recepção, eu também  sou Xerife! Tenho que manter a ordem no vilarejo na Jurisdição e na minha Comarca! Caso contrário," teje" preso! "

Ainda estamos nos tempos do faroeste?

Gosto de ser bem recebido, mas não gosto de saber que tem um Xerife atrás de mim. Não sou criminoso, ué!

Aproveitei a hospedagem e fui comer algo. Aí, fiz um lembrete: "olha, se o prato oferecido pela  hospedaria for carne, saiba que eu amo "mal passado"!

Na manhã seguinte, segui minha caminhada, caminhando. Segui minha viagem, viajando!




ATO III - TETÊ ESPÍNDOLA


(Tetê, nas curvas da estrada de Santos, a 200 Km/hora, como o Bebeto Carlos!)

Subindo a serra, chegando na capital, via São Bernardo do Campo! Então, deparei-me com a Tetê. Ela estava ali, no acostamento, pedindo carona!


Mas a Tetê, com suas infinitas e intermináveis ferramentas que usa fulltime e sempre a seu bel prazer, adora se comunicar com a gente através dos astros!

Ela disse-me que pode, se quiser, fazer cruzar a vida de um ator com uma certa fama lá pelo teatro feito no Brasil nos anos 60 e 70 (e pouquinho de TV), e fazê-lo sobreviver a dois acidentes aéreos. Ela só não permitiu que ele entrasse no voo da Chapecoense. Até porque, coitado, ele morreu em 2009!

Aí, como chiste, ela resolve chamá-lo de Renato Consorte! Abusou das letrinhas esta Tetê. Com ela não existem limites, já que ela tudo pode. Assim ela quis e assim foi: o ator, além de RENASCER, ainda por cima renasceu....com sorte! Por duas vezes, como nome e sobrenome. Além de RENATO...COM SORTE!

 Podem pesquisar na biografia do citado, caso duvidem de mim. O Wiki conta de um, mas foram dois!

Uma pessoa que passa por duas situações assim, mesmo que separado por algumas décadas e, mais do que sobrevive, sai se sentindo bem das situações, é mesmo alguém com muita sorte, não acha?

Haverá, quiçá, alguma RENATA....COM SORTE?

Como sempre digo..."não há o que não haja"

Além disso, as feministas e vigilantes de plantão, sairiam por aí me acusando de machista, porco chauvinista e outros impropérios tão na moda!

Segui minha caminhada, caminhando. Segui minha viagem, viajando!




ATO IV - GÊNESIS



Cheguei a um descampado, vazio e sem vida. Ali nada havia. Ainda. Então, segundo Gênesis, fez-se a vida!

Onde tudo começou. De onde viemos!

Sim, mas perguntaria vc: "Onde tudo começou? De onde viemos?"

"Dos seus pais, oras" , responderia de pronto! Responderia, no ato. Literalmente, no ato!

Mas, ainda insatisfeito, o parido pergunta então quem são os seus (deles) pais?

De dois seres que, naquele momento, querendo eternizar o gigantesco turbilhão de mútuas energias trocadas, quiseram encher o mundo, tal e qual uma Casa, de Esperança! Quiseram criar uma Casa, onde só houvesse Esperança!

Porém, pode ter sido meio diferente. Pode ter sido "só" (com aspas), apesar de belo, um presente de Grego. Um lindo presente deixado por um navegador grego, que fez da sua vida um eterno navegar, singrando sempre novos mares e novos portos para seu descanso. Ou de um Holandês, quiçá!

Ou as duas coisas (fruto de uma casa cheia de esperança e um lindo  presente de um  navegador grego  (holandês ?)....presente grego/holandês e esperança), caso elas sejam, por exemplo, irmãs por parte de mãe, mas não por parte de pai!

Quem saberá?

Prefiro ficar com Kalil Gibran Kalil quando a cena é sobre Gênesis/Filhos


Segui minha caminhada, caminhando. Segui minha viagem, viajando!




ATO V - NISE


Vou até o consultório da minha terapeuta e dou uma deitadinha básica no divã! Respiro fundo e observo. Observo-me!

Ao longe vejo, através da janela, uma criatura estranha se aproximando. Digo estranha no sentido de não reconhecê-la. É um vulto que se aproxima. Uma forasteira viajante?

O sol estava muito quente naquele sábado e eu, sem ter nada melhor p/ fazer, ficava falando de Nietszche, Eterno Retorno, Zaratustra e afins.

Então, para minha surpresa, a criatura foi se chegando e se aproximando. Dei as boas-vindas e disse que ficasse à vontade.

Falando atropeladamente sobre um pouco de tudo, disse (eu) de minhas buscas e procuras, também relacionada com a minha Gênesis.

Não quis detalhar demais a história toda, já que ela é só uma forasteira, até então desconhecida, e preferi voltar, sozinho, para o gigantesco trabalho de decifrar mamy. Decifrar minha Gênesis. Decifrar aquela que me pariu, com todo respeito!

Tinha que conseguir ler minha mamãe em sua totalidade. Então ficava, repetidamente, me perguntando " Vc já leu Nise? Vc já leu Nise? Vc já leu Nise?" E aquilo ficou me martelando: leu nise...leu nise....leu nise....leu nise.....

Porém, assim como a Inês, Nise também é morta.

Não sei se me entendeu: INES ou NISE, é só uma questão de se trocar algumas letrinhas do lugar.

Assim sendo, parei/sosseguei com a pergunta "Vc já leu Nise?". Deixei Nise descansar em paz e fiquei só com " Vc já leu?" Fiquei com o Leo! Com o Buscaglia, que amo!

Leo, O Forasteiro!

Segui minha caminhada, caminhando. Segui minha viagem, viajando!





ATO VI - RETRATO EM PRETO E BRANCO



Depois de tantas caminhadas, exausto, mas feliz, sinto que é hora de dar um desfecho para esta minha Divina Comédia!

Como as melhores peças de teatro... e como você(eu) PeFeTeLe segue cada vez mais presunçoso, e deu nome ao tópico de  A MINHA DIVINA COMÉDIA, seria interessante pensar em um final, em um epílogo, que deixasse tudo em aberto. Que ficasse tudo por ainda ser respondido. Fechasse sua divina comédia com uma interrogação no ar!

Aí pensei em uma cena muito louca:

Farei aparecer para  algum incauto viajante, uma fotografia, em branco e preto, tirada, sei lá, uns 40 anos atrás, da qual o viajante nunca soube, e colocaria ali, para surpresa e espanto no cansado, mas feliz viajante, algo simbólico que ele tenha exatamente igual em sua casa.

Para ser mais enigmático ainda, faria esta foto trazer uma daquelas estátuas africanas tão usadas em rituais onde se invocam os espíritos. E faria ainda mais suspense: colocaria nesta foto, uma pueril e inocente menininha, com seus loiros, lindos e cacheados cabelos, meio que acariciando a tal estátua!

Ou poderia simplificar tudo isso e colocar só uma carranca típica do nosso São Francisco, que ainda não foi transposto, apesar de zilhões de promessas.

E, se por acaso a Tetê quisesse sair lá do ATO III e, não satisfeita em ter só um ato em seu nome, desse também uma passadinha por aqui e, brincando (a Tetê sempre brinca. Mesmo com coisa séria, ela sempre brinca), colocasse não a estátua africana ou a carranca. E se ela Tetê resolvesse colocar...ambas, no mesmo retrato em branco e preto?

Aí, até eu, autor desta minha divina comédia, sairia do teatro com alguns tantos pontos de interrogação em minha cabeça.

Mas, feliz, sabendo, aguardando, e sentindo...que vem coisa boa por aí. E novos atos seguirão acontecendo nesta minha comédia de vida.

Nesta divina e fascinante vida que venho sentindo em mim!

Minha Divina Comédia. Nada como DANTE(s) no meu quartel de Abrantes!

Abrantes, era antes!

Hoje é o hoje, recheado de eternos retornos!

Não sei se Divina, ou Sábia ou Up, ou Down...ou tudo isso e mais um pouco (de novo, lembro-me de Tabacaria - Fernandinho, guru e chegado) mas, com certeza. a minha comédia!

Ela deixa-me leve. Em uma sustentável leveza do meu Ser. Por ora, Kundera. Por ora. Manoko p/ você!

Desce o pano!


* Saindo do teatro, dei uma olhadinha no cartaz que anunciava a peça, e li, incrédulo, escrito lá no rodapé do dito cujo:

NOVAMENTE DISPONÍVEL

Reconheci a caligrafia da Tetê. Ela não sossega mesmo. Nunca!

Retomei minha caminhada. Retomei minha viagem!

Querendo ir pra Itália, conhecer a Torre de Pisa. Aquela que verga, que se inclina, mas não cai. Enquanto seu centro de gravidade estiver na dose certa, ela nunca cairá! Ela seguirá sendo, mesmo (ou por isso) inclinada, atração turística e motivo de admiração por quem a conhece e "experimenta" dos seus segredos!

"...E o dono da Tabacaria, sorriu!!"

* Aqueles que "perderam" 18 minutos de vídeo sobre o Nietszche e seu Eterno Retorno, possivelmente comprarão ingresso. A Diretoria, antecipadamente, agardece.

Não Martin! Você não. É muita letrinha. É chato, é cabeça é enfadonho, é complicado, é enigmático é sacal. Vai p/ lagoa. E mande um beijo p/ ela e diga que ainda a amo!




DÊ PLAY



(março 2017)


21 de mar. de 2017

POST VAPT-VUPT



Como hoje o Pira-Lobos me ensinou sobre Mefisto, vou dar também minha participação, estendendo nosso conhecimento através de grandes obras da literatura mundial, com a síntese heitorponsniana...!

Mefisto by Pira-Lobos : O cara faz um pacto com Mefisto p/ escrever a sinfonia mais bem que já existiu. Vai na zona, come uma puta e contrai sífilis. Conseguiu o intento mas morreu louco. Do mesmo mal que o Nietzsche. É triste p/ caraio.

Mas bela, caraio!

* Depois minha filha vem me encher, dizendo que eu falo muito "os caralho". Vou apresentar o Pira p/ ela!


Seguindo...



Guerra e Paz : Todos estão tristes. Neva


As Vinhas Da Ira : Agricultura é uma merda. Viagem. Viagem de merda


Dom Quixote : O cara ataca os moinhos de vento. Além disso ele é doido


O Sol Também Se Levanta : Geração perdida fica bêbada. Eles ainda estão perdidos.


Moby Dick : Homem versus Baleia. Baleia vence


Ulisses : Dublin, alguma coisa, alguma coisa, alguma coisa, executada em sentença

Odisséia : Veterano de guerra leva uma eternidade p/ chegar em casa, então mata todo mundo


Morro Dos Ventos Uivantes: Uma espécie de irmão e irmã se apaixonam. Está nublado


Dr. Jivago : Ele é lindo, ela é linda mas tem uma guerra no meio


A Vida Nos Bosques : Homem fica fora por dois anos. Nada acontece


Crime E Castigo: Assassino se sente mal. Vai preso. Se sente melhor


O Inferno De Dante (Divina Comédia) : Todo o Inferno se liberta



** Blog do Pira que merece e aguarda a sua visita: http://arte-e-oficio.blogspot.com.br/



*** Alguma coisa parece estar fora da ordem?





DÊ PLAY







19 de mar. de 2017

AMOR INFINITO



Em Iga, sem meu Word, busco o meu receituário (alguma serventia ele há de ter), uma BIC qualquer e inicio um novo post.

Após ter adormecido ontem, empurrado pelo midazolan, com os óculos e celular sobre o peito, acordo!

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Domingão cinzento, com micro-chuvisco, pego-me...pensando!

Hãããnnn? Surprise, PF!

Acordei banhado pelas crônicas/poesias do xará Paulo. Mendes Campos, meu íntimo e querido PMC. De saída, quatro textos: amor, educação, finitude...

O xará é phoda! É PhD, este xará! Em vida e sentimentos!

O banho despertou-me, lavando-me, com  um em especial: "Dentro Da Noite" E então o post veio vindo...

Quase 65 primaveras, igual número de invernos e outonos...e até alguns verões, varão que sou, UM Natal passado do jeito PF de ser, Emília para terça, casório do filhote ontem, horas de prosa com a Kika, 250 Km rodados (sou muito rodado; muito tempo de USO, inclusive), zero de álcool (nem todos os loucos são alcoólatras) e uma noite de sábado para dormir, aguardando a chegada do domingo.


Acordo, refletindo (hãããnnn. Surprise PF, parte 2!) sobre o intenso sábado vivido, com sua manhã, tarde, noite e madrugada!

"Fecho" a conversa com a Kika, retomo a prosa com a Incógnita, onde me vejo como o protagonista do filme Teorema, do 3P  (Pier Paolo Pasolini -  quanta pretensão - é a falta do Haldol) ou, mais modestamente como o Bruxo Abu e então incorporo, de corpo e alma, o xará!

Sim, senhores, o amor existe, e é eterno! Mas há um que, obrigatoriamente, tem que ser o primeiro. Sem ele, nenhum outro poderá, sequer, se arvorar o direito de existir: o amor-próprio!

O único sentimento eterno em nossa finita vida é o próprio Amor.


O amor-próprio

Né não, Niezsche?

Então, mais não falo!

DENTRO DA NOITE


                   Você corria por dentro , eu corria por fora; você em pista de grama , eu em pista de areia. Você era uma égua de raça, meu amor, e se chamava Helena de Tróia, eu era um cavalo de criação nacional e meu nome era Black & White. Você era do vermelho-castanho daquela rosa de veludo chamada Príncipe Negro; eu era todo preto manchado de branco no pescoço. Éramos dois belos animais, e estávamos emparelhados na frente, numa atropelada cheia de ritmo, muito longe dos outros que nos perseguiam inutilmente, num corpo a corpo incomparável.

                   Não, ninguém nos montava: corríamos libertos por uma campina, , desaparecemos debaixo das árvores de um bosque, chegamos a uma planície onde existia apenas um anúncio de gasolina americana. E além desse descampado, sentimos, sem dizer nada, com os nossos olhos ternos e grossos de cavalo, que o mar ao longe estava batendo e tremia, as ondas se empinavam em desafio, crinas de espumas eriçadas, relinchando ao vento. Era um mar mais estranho que o mar, cavalos de água se erguiam e desmanchavam, nós corríamos de encontro a ele em um galope igual.

                   Ah, o mar não deteve a nossa corrida, mas avançamos sobre as ondas, as nossas patas mal tocando a água verde, livre sobre o mar livre, focinho com focinho, ilharga contra ilharga, passamos debaixo do arco-íris  e decolamos. Voávamos perto das vagas que molhavam as nossas bocas com suas gotas salgadas quando de repente anoiteceu sem qualquer solidão. Apenas o teu olhar manso e rutilante de animal na escuridão. Sentia o calor do teu grande corpo e  meu coração me feria como se um punho fechado batesse com força em meu peito.

                   Sim, sei perfeitamente, qualquer Freud de porta de venda pode explicar o meu sonho; mas nunca poderá roubá-lo.

                   Houve um momento em que nos envolvemos num turbilhão de estrelas pequeninas. E nada mais.




(Paulo Mendes Campos)


DÊ PLAY






* USO - Unidade de Saúde Ocupacional, onde PF trabalhou algumas décadas!

** Incógnita - X Turma (1977)

15 de mar. de 2017

DESCENDO PRO PLAY


Manhã pós-dilúvio, nada mais apropriado do que falar sobre a Arca de Noé. Como estou mesmo parado aqui no monte Ararat (é isso mesmo?), à Arca.

Já, de cara, sem dar moleza, vem a Tetê aqui e cochicha: " PF, depois de falado, vc arca pelo que falou!"

Às vezes a Tetê é tão tolinha! Arco sim, Tetê.  No problems. Arco e flecha!

Não faz tanto tempo assim, li a trilogia do autor que o Google sabe quem é, "Qdo Nie..Chorou , A Cura de Schop... e Mentiras no divã!" Nada p/ Pulitzer ou Nobel mas, interessante p/ quem curte uma Psi.

Aqui, agora, fico com "A Cura De Schop...", pois nada melhor do que um papo elitizado. E etilizado também. In vino, veritas!

O dito livro foca na terapia de grupo. Sendo Grupo, lembro de nóis. Sendo nóis, lembro do Noé! Não é?

Ao play, divã e Cura pois:

Outro dia o Chupeta confirmou que não havia sacado o nome do meu blog. simbolfalicoeocacete e tal, é só o endereço; sem CEP. Também não é ENTRE, como pode parecer. O nome é 'ENTRE NÓS", se reparar melhor.

Jeito PF de dizer o que quer.

Hoje então, abrindo uma exseç......, não falarei dos nós! Falarei de nós! Ficará mesmo entre nós!

Fauna variada, como pede uma verdadeira Arca!

Existem borboletas, carrapatos, cascavéis (peçonhentas), jericos (fique quieta aí, Tetê. Posso ME rotular do jeito que quero? Posso? Brigado, hein!), leões, viados, tigres, peixinhos (este, só nada. Nada), ursos com seus abraços, camaleões, beija-flores, carcarás, lesmas, coelhos, bicho-pregui..., tatus (como tu tá, tatu?), lobos & cordeiros (ops), mamíferos, carnívoros, ovíparos, vivíparos, alados e não alados, cães e gatos (uns latem e outros ronronam), boi brabo, tubarões, sardinhas, etc. Até ornitorrinco tem! Este é uma mescla de vários outros! Tem até a lhama do Gamba. Do Gamba e não do gambá! Mas tem gambá também. Eles fedem!

Não demora muito, aportaremos todos no monte Ararat! Aí o Noé (não é?) abrirá as portas da sua Arca e fará todos nós descermos. Ao fundo, como trilha sonora, ouviremos o Chicon Buarquez , direto de Cuba, cantando sua Roda Viva. E então, carinha, vaza! Vai procurar a sua. Vai procurar seu canto, seus iguais, seus parceiros! Procriem-se e sobrevivam (passagem interessante do livro "O Auto Engano" do Eduardo Gianetti; um carinha que, entre uma Economia e outra, adora viajar na maiô! Recomendo. Às vezes maçante mas, interessante. AUTO ENGANO. Aqui não trocarei o U pelo L não. Relaxem! Relaxe, Tetê!

Aceite o auto engano. Aceite que vc, mtas vezes se auto engana. Dói menos aceitar. É como a vaselina, ou o KY para alguns!

Uma fauna mista, pois. Diversificada! Um pouco de tudo! Mas, à essência, como venho focando neste meu 2017. À essência:

Vindo p/ cá, desça pro play! Deixe os nós de lado. Junte-se a nós!

Enquanto na Arca, enquanto confinados na Arca, brinquemos!

Esta Arca "é o bicho!"

E "A Cura do Schop", se assim você quiser! Custo zero.

Tudo ficará mesmo entre nós! Depois, só depois!

É indo que se vai!

É o que temos por ora, Guerreiros!


Saravá!

* Rosse - Não ouvi absolutamente nada do que coloquei no gravador. Sentei e saiu! (rs)



DÊ PLAY


** Acho que o meu saco é igual ao do Jó. Já falei dele aqui. Clique, se quiser:

http://simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2015/07/dupla-de-merda_27.html