27 de abr. de 2014

Fernando Pessoa - Esta velha angústia




Esta velha angústia
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha.
Em lágrimas,
Em grandes imaginações
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.

Mal sei como conduzir-me na vida,
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém
Eu sou um internado num manicômio, sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura.
Porque não são sonhos.

Estou assim...

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino?
Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.

Quem de quem fui?
Está maluco.
Hoje é quem eu sou.
Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazida de África.
Era feíssimo. Era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.

Se eu pudesse crer num manipanso qualquer - Júpiter, Jeová, a Humanidade -
Qualquer serviria. Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?


Estala...coração de vidro pintado!



25 de abr. de 2014

Uma lição que nunca acaba




Viver! Quantos altos e baixos a vida nos reserva, meu Deus! Qtas alegrias e choros, encontros e desencontros. Planos feitos que viram pó, sonhos desejados que ficam mesmo só como sonhos, promessas de mudar e melhorar e amadurecer que ficam pelo meio do caminho...

Somos seres sozinhos e únicos, é verdade, mas se conseguirmos, por desejo, seguir na caminhada que a vida nos reserva, partilhando, não acho que seja querer o impossível, que esta possa vir a mostrar-se como uma feliz escolha. Desde que ela nasça do desejo e não da necessidade.

Mas aí, em tantos e tantos e tantos momentos onde tentamos ser dois, os acontecimentos na vida daqueles dois parecem que não se duplicam, simplesmente; parece que eles se multiplicam e aumentam à enésima potência. Aí, para que o partilhar desejado e escolhido vença, os dois precisam ter uma sapiência e um jogo de cintura que beira uma missão impossível.

Casais erram. Sempre. Casais seguirão errando, sempre. Com a obviedade do fato, entra a capacidade, ou não, de ambos digerirem e consertarem estes erros; e aqueles outros também. Os de ontem ou os do século passado. Erros não digeridos, não perdoam: mais dia menos dia eles virão à tona, cobrar o erro acontecido; e o que é pior, muitas vezes de uma forma agressiva, ofensiva e vingativa. Pronto: eis um novo erro criado.
Passo longe da beatice, para o meu bem ou para o meu mal, passo longe da beatice, mas lembro-me de uma passagem assistida, de um fato real (já citado aqui no blog em algum outro texto), quando um certo cidadão, para o espanto de todos, dirigiu a palavra a alguém que "não deveria ser perdoado em hipótese alguma" frente ao que havia feito, e o cidadão simplesmente deixou claro que aquele a quem ele deveria não perdoar, estava sim por ele perdoado, lembrando que Jesus, quando disse "perdoai o seu próximo", ele não catalogou ou rotulou até quanto, até onde, até o que feito pelo outro deveria ou não ser perdoado. Ele simplesmente nos deu este curto toque: perdoai o seu próximo, pois isto te engrandecerá ainda mais como pessoa.

Mas não, não conseguimos fazer esta "máxima" prevalecer em momentos de fúria, dor, luto, sofrimento ou choro. Não sabemos e não conseguimos perdoar! Mesmo nos tornando menores assim agindo, prevalece o não perdoar! A dor, a ferida e o sofrimento nos parece tão agigantado, que mesmo com nossos maiores esforços, não perdoamos.

Muitas vezes, para piorar o que já está péssimo, "necessitamos" ainda pagar olho por olho...
O desencontro e o fim que começou lá atrás, naquele erro primeiro, inicia uma destrambelhada e incontrolável descida morro abaixo, impossível de ser detida. Termina, quase sempre, com um afogando-se no mar do "castigo" recebido e o outro com uma vã, ilógica e absurda sensação, tão pobre, de vingança conquistada!

O Chico Buarque canta, em nome do Nelson Rodrigues, o "Te Perdoo por Te Traíres". O para-choque de caminhão nos lembra que "a vingança é um prato que se come frio". Rubem Alves tb nos lembra, neste texto dele que aqui postei 


que os casais que escolhem o tênis ao invés do frescobol, sairão ambos com um amargo gosto na boca, tenha ou não sido o "vencedor" daquele estúpido jogo de tênis que o casal teve a infelicidade de escolher para trocar em sua vida a dois!

Outro dia li uma citação de uma moçoila, artista global e recém-traída pelo "belo maridão", onde ela dizia: "Não vou posar de vítima nem acusar ninguém de vilão"! Tiro o meu chapéu para esta moça. Qtos de nós temos esta capacidade? Uma gigantesca minoria, sem dúvida. Pena. Grande pena que seja uma gigantesca minoria, mas assim é, ou assim somos!

Eu, que já me auto-intitulei de "um mosaico a ser montado" ou "eterno aprendiz" ou "um tolo completo, de tão pueril que sigo sendo", preciso neste momento buscar outras forças, maiores e mais sólidas forças, para ir um pouco além que seja do be-a-bá sobre o aprendizado de viver bem, em harmonia e, se partilhando, partilhar o melhor. Se trocar, trocar a clara alegria por estar acompanhado. Se errar ou captar algum erro "do lado de lá", use o momento como chance máxima e suprema para alavancá-los para crescer um cadinho mais que seja como pessoa! O erro consertado por dois é duplamente satisfatório. Une!

Aprender, no mínimo, não se lamentar tanto por enxergar-se incompetente em certas "matérias" da vida, mas juntar suas forças, ou seus cacos, para mais e mais tentar sair da ignorância e ver, com os dois olhos esbugalhados e até mareados, que se a escolha feita foi a de partilhar, que este partilhar quando colocado em um dos pratos da balança, tenha muito mais presença e significado real do que de tanta pobreza e infelicidade inerente ao ser humano, falível que é, ficou no outro prato.

Conseguirei? Prometo, a mim mesmo,  que tentarei ainda mais do que já tentei até hoje!

Não sou vítima e nem quero enxergar, ver ou apontar vilões. Nem um e nem outro existem de verdade. São meras distorções de mentes que enxergam ainda o mundo de modo distorcido. Sou eu, só eu, com meus desejos e anseios. Que eles sejam sinceros!


23 de abr. de 2014

Dia da Criação



                                          (Vinícius de Moraes)

É a vida se reciclando, sempre...

11 de abr. de 2014

Como conheci o "hómi"!!




Foi assim; básico! É uma viagem; babaca ou não, fica a critério de cada um. Quem tiver interesse e/ou saco, veja a entrevista em seu todo!

Filosofar ou não...eis a questão!

Até para filosofar, ou dar uma de filósofo, um mínimo de discernimento, para não dizer QI, temos que ter. Caso contrário ela nos leva a um rodamoinho caótico, infinito e sem conclusões, como nos mostram, muito brevemente, estes três vídeos aqui postados!

Quero ser "mundano", pão-pão, queijo-queijo. Sexo dos anjos não existe(m) como já sabemos.

Se minha bússula está, no momento, caótica e sem parar em nenhum rumo específico...aguarde. Que eu vá cuidar de minhas mundanices "lá de fora"! Se der tempo para tb brindar algo (um "oi" especial e inesperado que vc receber, por exemplo), ainda melhor!


Seguir buscando conclusões......fodeu! Troco por um blood-mary






* Dos 3 livros recentemente devorados por mim (inutilmente?), dois são de autoria do carinha aí do meio: Clóvis de Barros Filho. Mas sigo gostando dele e de seus dizeres. Só preciso deixar de ser tão (ou só?) jerico!


Ao blood..... 

10 de abr. de 2014

Estes seres irracionais...!!!



...e por aqui, seguimos brigando, uns com os outros, sempre inútil e tolamente!

Um dia haveremos de aprender com "eles"!

9 de abr. de 2014

Outono



Época de reciclagem, dizem. Coincidentemente ou não, tenho sonhado muito estes últimos tempos. Mas daqueles sonhos que temos enquanto estamos entregues à Morfeu. Sonhos variados e assuntos/temas idem. O que tem a ver uma coisa com outra? Bem, se os sonhos são diálogos que o nosso inconsciente tenta travar conosco, muita coisa tenho "ouvido" dele: algumas positivas e otimistas e outras nem tanto. 

O "engraçado" é que, otimista ou pessimista, não venho acordando bem depois de tê-los sonhado: se eram otimistas, chateio-me em acordar para que tudo aquilo foi só um sonho. Quando são pessimistas, chateio-me pelo pessimismo em si e pelo fato de tê-lo "vivenciado", enquanto estive com Morfeu.

Pior que isso, é que meus sonhos andam ocorrendo só nestes momentos. Acordado, consciente, de olhos abertos, não venho conseguindo, digamos, criá-los. No máximo, planos. Novos ou velhos, grandiloquentes ou simplórios...somente planos. Planos que nascem como uma bolinha de sabão, voam por alguns poucos metros e...desaparecem. Meus planos não se enraizam, não se fixam e não seguem adiante. Parece que este outono tem sido (e continuará  sendo?) um momento de reciclagem geral; quiçá preparando o "terreno" para a chegada do inverno e depois aí então florescer, junto com a primavera! Planos passageiros e frágeis; planos onde me falta, acho eu, maior convicção de minha parte para que virem fatos reais!

Enfim, um momento/uma fase onde o tempo pede-me paciência. Logo eu, sexy...xagenário, lendo sobre a "fugida" recente do José Wilker e depois de devorar dois livros sobre filosofia onde os "sábios" nos ensinam (?) que a esperança deve ser extirpada, sem dó nem piedade do nosso pensar, preciso postar-me pacientemente no aguardo de uma nova e melhor "estação".

No último livro devorado, por duas ou três vezes o autor cita uma frase que ficou em minha mente: "a insistência do existir"!! Ao mesmo tempo ouço, aqui ou ali, que sou alguém que não teria nenhum motivo para reclamar da vida. Viciei-me em reclamar, quem sabe!?

Insistir em existir, deve ser por um propósito, por uma meta, por um desejo; ou seja, por um sonho! Sonho acordado, real, mesmo que sonho. Sonho que faça eu neste momento virar para a direita, depois de duas quadras para a esquerda e assim ir fazendo um caminho...DESEJADO!

Existir só para desafiar a morte é inútil, além de burra! Existir só para esperar, idem. Mas os nossos passos, apesar de estar cansado de ler/ouvir sobre o nosso lvre-arbítrio, acho que tb é "dependente" de algo mais, que não sei definir, dar nome, apontar ou decifrar.

Neste momento de reciclagem, sobram-me quase que exclusivamente as obrigações; aquelas mundanas obrigações que todos temos no nosso dia a dia. Ainda bem que ainda as tenho, diria eu.
Estou meio que sem bússula: impossível apontar para norte, sul, leste ou oeste ou, ainda pior, querer "culpar" A, B ou C por assim estar. O outono é meu; este "outono" é meu!


Por ora...insistir!


Como deveria ter dito René Descartes..."Penso, logo insisto"!

* Acho que deveria entrar para o Facebook: lá todos são felizes e de bem com a vida (rs)