28 de fev. de 2014

O Jerico pariu...

(mas não partiu; só pirou...)


Fevereiro terminando e só um post nasceu aqui no blog; sinal de que a mente anda, novamente, razoavelmente confusa para focar em um único assunto. Mas antes que o rei Momo chegue por aí com seus (insuportáveis) súditos e fãs, verei se sai algo novo desta cachola.

Desde moleque por muitas vezes me auto-intitulava "cabeça de jerico"; não sei como este têrmo chegou até mim, mas o usava para (re)lembrar-me que eu era meio que "mestre" em fazer cagadas. Encafifava naquele momento que o certo seria fazer "isso", para depois descobrir (com espanto ou por ser pueril demais?), que aquilo havia sido uma outra grande cagada.

O tempo passou, passou e passou e fui ficando velho, mas a expressão seguiu me acompanhando; e as "merdas" também (rs). Então, por volta de 2000 adquiri um belo terreno pertinho de Jericoacoara, a 150 m da lagoa mais tesuda que conheci, e aí nasceu o sonho/vontade de, um dia, quando fosse mesmo hora de recolher e sossegar o facho de vez, construiria ali meu canto final e último, e teria, em sua entrada, um "portal" lembrando que ali habitava uma..."cabeça de Jerico". Desenhei como seria o dito cujo...e engavetei, como é tão comum acabar fazendo com nossos desejos e sonhos; os temos, mas permitimos que a tal roda-viva, tão bem cantada pelo Chico, leve-a correnteza abaixo. Ficou o desenho guardado...para quem (?) sabe um dia sair do papel.

E o tempo seguiu passando, indiferente a tudo e a todos, como sempre passa. Chegou  a virada 2013/2014 e um novo tsunami passou pela minha vida. Esperava que fosse o calmo "rio que passou em minha vida" do Paulinho da Viola, mas foi mesmo um tsunami: carregou tudo o que encontrou pela frente, sem distinguir se era algo que deveria mesmo ser carregado e extinto ou se era algo que merecesse ser preservado, com carinho. Foi tudo no tsunami!

Bem, como depois da tempestade sempre vem a bonança, esta também chegou. Pensei que, "quem sabe seja agora a hora de tirar sonhos e desejos da gaveta e fazê-los acontecer." Neste espírito, deu-se à luz a "cabeça de Jerico". Hoje ela avisa que o jerico segue jerico, por enquanto morando aqui e não AINDA, em sua terra "natal" (?) Jericoacoara (ou Jijoca, para ser mais exato). Ela já não é mais um desenho; é um fato concreto e palpável. Ela existe!

Porém, as jericagens (ou seria jericadas ?) seguem ocorrendo: durmo convencido que o meu rumo indica para o norte e acordo com uma vontade imensa de dirigir-me para o sul; mas a cabeça de jerico fica ali, olhando tudo impassível, com seu cigarrinho no canto da boca. 

ESTA cabeça de jerico, que escreve estas linhas, não consegue deixar o delírio e a jericagem que se a escolha for norte, evidentemente  não será sul e se por acaso o rumo mudar para o sul, o norte deverá ser descartado. O jerico acha que é normal, ou possível, ficar passeando entre norte e sul. Acho que é mesmo coisas da família dos asnos
.
Lembro-me de um amigo que, estando passando pelo Nepal ou algum lugar do gênero, procurou o mestre dos mestres para que este lhe indicasse se deveria tomar o rumo norte ou o rumo sul. O guru respirou fundo com aquele jeito que transmitia enfado e quase impaciência por ter que aconselhar tantos "anos", e respondeu ao pobre asno com sua dúvida mortal:

"- Meu filho, não faz a mínima diferença se vc acabará decidindo ir para o norte ou para o sul. O importante é saber que, feita a escolha, vc  irá se arrepender depois!"

Mas me nego a deixar de ser jerico: só falta aprender que...escolhido o rumo, dê o seu melhor, para que o arrependimento não te alcance, pelo menos a ponto de ser algo que te paralise, aporrinhe ou fique te pentelhando durante sua caminhada de vida. Feita a escolha...mergulhe de cabeça nela!

Tem tb uma frase tipo "para-choque" de caminhão que diz a mesma coisa: "parando na dúvida entre A ou B, vc já errou e seguirá paralisado. Escolhendo A ou B, vc pode até acertar."

De uma coisa eu tenho certeza: o jerico continuará fumando e, mais importante do que isso, mesmo estando AINDA dentro de uma gaveta, ou hoje já sendo também o portal/a entrada da minha casa, sua moradia final deverá mesmo ser lá pelas terras dos seus queridos parentes jeriquinhos e jericões. Um dia ainda levarei esta minha hoje "mera" placa, para o lugar para a qual ela foi pensada, desenhada, planejada e sonhada. Um dia ainda assumirei, com prazer, ser mesmo uma CABEÇA DE JERICO!!

O rumo não escolhido, será guardado, com carinho,  na caixinha das doces lembranças!


Aí, em sua moradia final, irei ouvir o Walter Franco dizendo que "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta...e o coração tranquilo". Mesmo que seja um coração de jerico.

Não há outra escolha: tentar!!!

Yes, nós somos "sapiens"; ou ao menos deveríamos sê-lo!!




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