25 de abr. de 2014

Uma lição que nunca acaba




Viver! Quantos altos e baixos a vida nos reserva, meu Deus! Qtas alegrias e choros, encontros e desencontros. Planos feitos que viram pó, sonhos desejados que ficam mesmo só como sonhos, promessas de mudar e melhorar e amadurecer que ficam pelo meio do caminho...

Somos seres sozinhos e únicos, é verdade, mas se conseguirmos, por desejo, seguir na caminhada que a vida nos reserva, partilhando, não acho que seja querer o impossível, que esta possa vir a mostrar-se como uma feliz escolha. Desde que ela nasça do desejo e não da necessidade.

Mas aí, em tantos e tantos e tantos momentos onde tentamos ser dois, os acontecimentos na vida daqueles dois parecem que não se duplicam, simplesmente; parece que eles se multiplicam e aumentam à enésima potência. Aí, para que o partilhar desejado e escolhido vença, os dois precisam ter uma sapiência e um jogo de cintura que beira uma missão impossível.

Casais erram. Sempre. Casais seguirão errando, sempre. Com a obviedade do fato, entra a capacidade, ou não, de ambos digerirem e consertarem estes erros; e aqueles outros também. Os de ontem ou os do século passado. Erros não digeridos, não perdoam: mais dia menos dia eles virão à tona, cobrar o erro acontecido; e o que é pior, muitas vezes de uma forma agressiva, ofensiva e vingativa. Pronto: eis um novo erro criado.
Passo longe da beatice, para o meu bem ou para o meu mal, passo longe da beatice, mas lembro-me de uma passagem assistida, de um fato real (já citado aqui no blog em algum outro texto), quando um certo cidadão, para o espanto de todos, dirigiu a palavra a alguém que "não deveria ser perdoado em hipótese alguma" frente ao que havia feito, e o cidadão simplesmente deixou claro que aquele a quem ele deveria não perdoar, estava sim por ele perdoado, lembrando que Jesus, quando disse "perdoai o seu próximo", ele não catalogou ou rotulou até quanto, até onde, até o que feito pelo outro deveria ou não ser perdoado. Ele simplesmente nos deu este curto toque: perdoai o seu próximo, pois isto te engrandecerá ainda mais como pessoa.

Mas não, não conseguimos fazer esta "máxima" prevalecer em momentos de fúria, dor, luto, sofrimento ou choro. Não sabemos e não conseguimos perdoar! Mesmo nos tornando menores assim agindo, prevalece o não perdoar! A dor, a ferida e o sofrimento nos parece tão agigantado, que mesmo com nossos maiores esforços, não perdoamos.

Muitas vezes, para piorar o que já está péssimo, "necessitamos" ainda pagar olho por olho...
O desencontro e o fim que começou lá atrás, naquele erro primeiro, inicia uma destrambelhada e incontrolável descida morro abaixo, impossível de ser detida. Termina, quase sempre, com um afogando-se no mar do "castigo" recebido e o outro com uma vã, ilógica e absurda sensação, tão pobre, de vingança conquistada!

O Chico Buarque canta, em nome do Nelson Rodrigues, o "Te Perdoo por Te Traíres". O para-choque de caminhão nos lembra que "a vingança é um prato que se come frio". Rubem Alves tb nos lembra, neste texto dele que aqui postei 


que os casais que escolhem o tênis ao invés do frescobol, sairão ambos com um amargo gosto na boca, tenha ou não sido o "vencedor" daquele estúpido jogo de tênis que o casal teve a infelicidade de escolher para trocar em sua vida a dois!

Outro dia li uma citação de uma moçoila, artista global e recém-traída pelo "belo maridão", onde ela dizia: "Não vou posar de vítima nem acusar ninguém de vilão"! Tiro o meu chapéu para esta moça. Qtos de nós temos esta capacidade? Uma gigantesca minoria, sem dúvida. Pena. Grande pena que seja uma gigantesca minoria, mas assim é, ou assim somos!

Eu, que já me auto-intitulei de "um mosaico a ser montado" ou "eterno aprendiz" ou "um tolo completo, de tão pueril que sigo sendo", preciso neste momento buscar outras forças, maiores e mais sólidas forças, para ir um pouco além que seja do be-a-bá sobre o aprendizado de viver bem, em harmonia e, se partilhando, partilhar o melhor. Se trocar, trocar a clara alegria por estar acompanhado. Se errar ou captar algum erro "do lado de lá", use o momento como chance máxima e suprema para alavancá-los para crescer um cadinho mais que seja como pessoa! O erro consertado por dois é duplamente satisfatório. Une!

Aprender, no mínimo, não se lamentar tanto por enxergar-se incompetente em certas "matérias" da vida, mas juntar suas forças, ou seus cacos, para mais e mais tentar sair da ignorância e ver, com os dois olhos esbugalhados e até mareados, que se a escolha feita foi a de partilhar, que este partilhar quando colocado em um dos pratos da balança, tenha muito mais presença e significado real do que de tanta pobreza e infelicidade inerente ao ser humano, falível que é, ficou no outro prato.

Conseguirei? Prometo, a mim mesmo,  que tentarei ainda mais do que já tentei até hoje!

Não sou vítima e nem quero enxergar, ver ou apontar vilões. Nem um e nem outro existem de verdade. São meras distorções de mentes que enxergam ainda o mundo de modo distorcido. Sou eu, só eu, com meus desejos e anseios. Que eles sejam sinceros!


Um comentário:

alcinda clementino de siqueira disse...

Amigo,gostei do texto,na vida cada um sabe a delicia de ser o que e' ...Nao há erros há experiências que muitas vezes dói ,porque emprestamos valores que sao nossos para outras pessoas e a expectativa do retorno,nao acontece...!Amei a pessoa certa na hora certa e tudo acabou na hora certa.Fazemos nossas escolhas e temos que arcar com as consequências ...Aprendi a volorizar a que deu certo !Nao guardo magoas,apenas aprendi que precisei crescer para pensar assim.Eu sou eu com meus anseios e desejos...que eles sejam sinceros!Nao vim a este mundo para completar nada apenas para somar,multiplicar,dividir ou subtrair!