23 de abr. de 2016

Tranque o velho e mate



Lembro-me que, quando “aborrecente”, costumava zoar com esta expressão: “tranque o velho e mate”. Ela era usada como mero chiste. Uma bobinha, tola e pueril brincadeira, para dizer outra coisa que não era para trancar nenhum ancião incauto (dentro do armário?) e depois matá-lo. Era só uma brincadeirinha de criança ou aborrecente. Brincando, como sempre gostei, com as palavras e suas múltiplas "traduções".

Na época eu também não era velho, evidente. Também não tinha o hábito de sair por aí filosofando a qualquer “bom dia” que se desse, acho que fazendo mais parte do ensinamento do Freud quando disse que  “às vezes um charuto era apenas um charuto”. Não buscava, digamos, pelo em ovo.

Depois cresci. Virei bobo. Ou como também dizia naquela ocasião, ou já preconizava, sei lá, “o homem nasce, cresce, fica bobo e casa!”. Cresci, fiquei bobo...e casei! Era tudo correndo com uma certa força da tal da roda-viva, cantada pelo compositor cubano Chicón Buarquez. Fui no embalo.

Hoje, sou avô. Por enquanto, só do Matheus, mas já fui avisado pela Paula e pela Didi (nora fantástica), que é bom eu ir me preparando por mais coisa que vem por aí. Parece que querem que eu seja tetra avô. A irmã do Matheus e duas outras donzelas via Gu & Didi. Virarei tetra. Pensando em chamar o Galvão Bueno p/ gritar: É TETRA, É TETRA!!!!!!

Como depois descasei, fiquei meio sem saber para onde ir, já que a máxima que eu seguia terminava no “...fica bobo e casa”!

Mas todo estes prolegômenos”, como diria o Enéas, é só prá dizer algo bem sucinto: hoje, após uma longa e árdua batalha, fiz as pazes com o meu passado. Graças a ele, ou com ele, aos trancos e barrancos, entre tapas e beijos, altos e baixos, acertos e erros, sorrisos ou lágrimas, cheguei até aqui!

Se fosse atacado por alguma pieguice musical, diria, como Bebeto Carlos que, “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!”

Hoje já não quero mais, nem trancar o velho, e muito menos matá-lo. Até porque sou parte interessada, já que pertenço hoje à terceira idade. Trancá-lo, seria tirar dele o direito ao prazer de/em degustar as coisas boas que minhas batalhas acabaram, hoje, me proporcionando. Matá-lo, seria uma espécie de suicídio. “Se chorei ou se sorri...chorei e sorri.” Hoje, novos tempos. Mais sorriso, menos choro. Mais charuto e menos pelo em ovo!

Por tudo isso, ao meu passado, hoje não dedico mais nada próximo de “tranque o velho e mate”. Digo, simplesmente, por tudo que passei, e em paz, reconhecendo todo o vivido como válido e  necessário, meu “thank you very much!”, metido a brincalhão das palavras que sigo sendo!

Qualquer coisa, hoje, “disco M para Martar!”


Em PAZ!!



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