26 de mai. de 2016

Carta aberta ao Presidento



Já já, em julho, completarei  64 anos. Minhas lembranças mais remotas da política se remetem ao Jânio Quadros/Vassourinha,  Adhemar de Barros (caixinha do Adhemar), Carvalho Pinto (sem radar),  Carlos Lacerda versus Samuel Wainer, Cacareco e outras pérolas. Lembro-me também que, com que orgulho gigantesco, “dei ouro para o bem do Brasil”, ostentando, todo prosa, minha aliança de latão com estes dizeres ali. Idos tempos, Sr. Temer. “Sua Marcela” ainda não era nem projeto. Ainda faltava muito para nascer a mulher da sua vida. Longínquos tempos.

Hoje, fechando maio de 2016, venho aqui escrever esta carta, com o intuito de consertar minha passividade sobre a minha opinião quanto à  situação do MEU país, dando-me vontade agora de, já que um erro cometi, hoje, parafraseando o distinto, conserta-lo-ei!

Li, dentre tantos pronunciamentos do distinto, um onde o Sr. diz que “Deus lhe deu a chance de salvar o país.” Por favor, leve este pronunciamento a sério, Sr. Presidento. Estamos mesmo necessitando que alguém salve o nosso país e hoje, por desejo dos astros, é o distinto quem está com a caneta e o papel na mão.

Por eu ser do tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, como já expliquei, só acumulei nestes últimos, sei lá, cinquenta anos, frustrações com a classe política. Posso contar nos dedos das mãos, de um Aleijadinho, os políticos dos quais tive orgulho. Meu pai, como bom paulistano da gema, era muito fã do Carvalho Pinto (sem radar) e do Faria Lima, que me lembre, mas pouco fiquei sabendo de verdade sobre um ou outro. Preferi sempre ser moleque de rua e deixar os assuntos adultos, para os adultos. Lembraria, no máximo, do Hélio Beltrão, frente ao Ministério da Desburocratização, já nos anos do, salvo engano, General Figueiredo. Luta inglória do Beltrão; durou o tempo que ele por lá ficou. Depois, a BURROcratização retornou com tudo, acumulando seu troco com juros e correção monetária. Ou o Suplicy, tadinho, cantando Bob Dylan no plenário. Devia estar sem a dose diária do Haldol, Amplictil e Gardenal dele, coitado! Ou com overdose, sei lá!

Mas, voltando, hoje nos vemos em 2016 e, graças ao sapo barbudo et caterva, já me enfronho muito mais, com gosto, e com asco, sobre a política do meu país. Nunca, em meus quase 64 anos, deparei-me com nenhum Sérgio Moro (SM). Nunca conheci alguém com tamanha coragem e empenho e, ainda mais importante, por uma graça da Tetê Espíndola, no lugar certo. Creio piamente que existam outros SMs no país, mas, para o nosso azar, não têm a faca e o queijo na mão. Ele próprio – SM – vem travando batalhas quixotescas, ou kafkanianas, tamanho é o poder daqueles que ele tenta combater e vencer! Ele, como um ser isolado e único, deu o pontapé, lá em Curitiba, em tudo isso que aí está hoje: todo este mar de lama escancarado e exposto. Todo este show infindável de maracutaias, roubalheiras, conchavos de quinta categoria, podridão fétida (apesar do pleonasmo) e uma escrotice sem limites, enquanto o nosso povo segue à míngua.

Um SM, assim como um Pelé, um Ayrton Senna, Maria Esther Bueno, Guga e outros poucos, nascem neste país a cada século, se muito. Um SM, na política então, nasce a cada era geológica ou glacial da terra. É um evento mais raro do que o Papa Francisco ser pego em atitudes pedófilas, com o perdão da comparação. Nesta hora tenho mesmo que ser extremo e radicalizar, entrando com as duas (quatro ?) patas direto no peito do oponente!

Brigamos muito, e seguimos (e seguiremos brigando) para que toda a quadrilha do PT desapareça da face da terra, para todo o sempre. Que cada um deles pague por cada crime cometido, enjaulados e fora do convívio da sociedade. Que tenham também o mesmo fim, todo e qualquer outro político, do partido que seja: Aécio, Cunha, Renan, Ministros do STF ou quem quer que seja.

Mas, prezado Presidento, deixando de lado tantos prolegômenos, eis agora o cerne da questão que me fez vir até aqui, em pleno feriado, escrever estas linhas para o distinto:

Apesar de parcos dias na Presidência, já ficamos sabendo de “n” nomeações do distinto, onde sentimos o nítido cheiro de estarmos trocando seis por meia dúzia. Sai um Ministro com 9 processos e entra outro com 4 ou 5, sei lá. Sai um réu e entra outro indiciado. Sai um ladrão e entra um canalha. Parece que o distinto só está mudando as moscas, sem atacar o estrume vigente!

Oras, distinto, sua hora é agora; é já! Se quer dar veracidade à graça concedida por Ele à sua pessoa, aja AGORA. Sou leigo dos meandros da política (sou só um médico), mas acho que o que necessita ser feito é mais límpido, claro e transparente do que um líquor de uma pessoa saudável que, na Medicina, dizemos ser “límpido como água de rocha!”.

O que o distinto precisa fazer, com grau zero de dificuldade, se “tienes mismo culhones”, é nomear apenas e tão somente seus Ministros e os outros escalões, com a nata da competência e honestidade que, com certeza, ainda temos escondidos por este país de meu Deus. Simplesmente nomeie os notáveis, cada qual em sua praia. Nomeie os notáveis e insuspeitos, em todos os graus, para cercá-lo e ajudá-lo em sua árdua jornada de pouco menos de dois anos. Nomeie sem olhar para a ficha de filiação partidária deste ou daquele. Dê uma banana para a corja que só respira PODER e DINHEIRO. A sede, a gula e a ânsia pelo poder, quando tratamos com a escrotice do ser humano, não tem limites. É um buraco sem fim. A medíocre ganância não acabará nunca, em mentes dos asquerosos e pobres políticos que aí estão. Este é o grande legado deixado pelo, ainda solto, sapo barbudo. A mediocridade se eternizará, se com eles estiver o poder, a caneta e o papel. E o nosso povo seguirá sendo um punhado de “Pedro Pedreiros”, formando o “Admirável Gado Novo”!

O distinto, como já disse aqui, tem o faqueiro inteiro e todos os queijos nas mãos para, de fato, salvar este nosso sofrido país  e mais sofrido ainda povo. Faça isso que aqui sugiro, distinto Senhor. Então, quando acabar seu mandato, o distinto terá um lugar de honra em nossa história – lugar já reservado, com todas as glórias e todo mérito, para o senhor Sérgio Moro – e pegue sua linda Marcela e vá curtir a vida a dois, orgulhoso e com sua consciência tranquila, por cima dos seus então 77 aninhos.

Sua chance é agora, distinto. Entre para a história do nosso país, juntando-se  aos melhores ou seja, com gente da estirpe do SM, um inesquecível divisor de águas nos futuros livros de História. Junte-se ao SM, ao Pelé, Ayrton Senna e outros poucos, e seja também o distinto, o ídolo de todo um país.

Ou vá para a vala comum da escória, já tão lotada de medíocres de todas as matizes! A escolha é sua, toda sua e SÓ sua. Pergunte para a sua linda Marcela, mulher de quem ela amaria ser. Que tipo de Homem ela gostaria de ter ao lado dela!

Acorda, distinto! Certos “bondes” só passam mesmo uma única vez no ponto onde estamos. Não brinque e nem abuse da sorte ou dos astros.


Atenciosamente,

Paulo, um brasileiro

·        Como logo no início citei o Samuel Wainer, lembrei-me agora de uma resposta dada pela sua esposa, a linda Danuza Leão (a “Marcela” dele, na época), quando lhe perguntaram por que ela, tão linda e tão mais jovem que ele, não o traia. Ela, com a sinceridade, clareza e inteligência que sempre teve, simplesmente respondeu:

“Porque eu nunca aceitaria saber que sou casada com um cornudo!”

Não traia o nosso país!

Pense nisso!


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