13 de fev. de 2017

PARIDO


(texto catártico, como todo parto)

Eu era um adolescente de catorze aninhos. Catorze puros aninhos. Não sabia nada da vida, além de brincar na rua, roubar a manga do vizinho, rodar pião, empinar pipa e todas essas essenciais coisas que fazem uma infância feliz. Aí, deparei-me com o Festival da Record, onde estavam disputando ali o primeiro lugar, "A Banda" de um tal de Chico e "Disparada", de um tal de Vandré. Assisti o Festival todo animadão, atento e interessado.

Quando veio o dia da final, pensei assim:

" - Ah, pô, "A Banda" é uma música leve, gostosa, lúdica e de fácil assimilação. A outra, fala de gado, boiadeiro, cavaleiro... É tanta coisa complicada pros meus pobres e inocentes neuroniozinhos, que acabo cantando a música, junto com o Jair Rodrigues mas, vou ser sincero,  não entendo muito não o que este carinha, este tal de Vandré, quis dizer não, É tipo aquelas músicas que a gente canta em inglês, no maior pique, mas sem nem fazer idéia do que a letra está dizendo, sacou?

" - Pô, não quero uma vida complicada, que me coloque símbolos e enigmas para serem decifrados. Quero uma vida simples. Com o essencial. Com a essência do que é o Paulo. Simples, mas que comporte, agasalhe e guarde, a essência do Paulo.

Mas, aos 14 aninhos, frente a um Festival, tinha que escolher!

Não tive dúvidas: torci pela "Banda", que eu entendia muito mais e, mais do que isso, era o meu desejo que a minha vida fosse só, tal e tal a música: "lúdica, inocente e fácil de entender e assimilar"

"A Banda"!!!! Já ganhou, já ganhou, já ganhou!!!!!!!

Mas...... "o mundo foi rodando, nas patas do meu cavalo" (rs)


Deu empate.

Tive uma reação. Tive uma reação e dei um jeito. Um jeito "paulofernandesco", claro, já que sempre fui Paulo Fernando! Hoje, 2017, entendo perfeitamente a minha reação. Ela é explicada em sua totalidade, em qualquer bom divã que vc encontre no meio do caminho! Aqui não cabe dizê-la. É muito chão e muito tempo p/ isso. Importa é tê-la descoberta, hoje!


E aí.....dá-lhe boiada, boi, boiadeiro, gado, gente, sonhos, ferradas, furos, marcadas, tangidas e um tanto mais de dores do parto, esperando a hora de vir ao mundo, de verdade!

E...nos sonhos que fui sonhando...as visões se clareando, as visões se clareando...até que um dia, acordei!

UFA!!! Demorou p/ caralho, se me permitem o desabafo, mas o dia chegou. 2017, meio século (!!!) depois daquela criança que torcia pela "Banda", eis que o Paulo é, finalmente, parido!

Neste meu tempo, não vejo poesia maior que possa mostrar-me mais do que estes versos do Vandré! Com perdão do Fernandinho Pessoa, guru meu, ou qualquer outro poeta, mas neste instante eu fico com o Vandré, declamando, mostrando, expondo e parindo, depois de todas as dores... o PeFeTeLe!!

Como já disse...eu sou isso!


Agora??? Putz, carinha....agora é fechar a régua como o Jair Sorriso Rodrigues fechava seu cantorio : Lalaila lalalailá lalalailalaiá.... Lalaila lalalailá lalalailalaiáááááááá!!!!!!!!!!!!!



UFA!!!



Querendo me ouvir, DÊ PLAY aqui:





Querendo cantar, junto com o Jair, dê PLAY aqui:





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