16 de abr. de 2017

INTENÇÃO




Caminhada em plena Páscoa, sem chocolate, dá nisso: Tico & Teco começam mais uma conversa sem fim. Eles ouvem o Pondé falando sobre niilismo e aí ficam trocando idéias  absurdas e óbvias. Estúpidas e maravilhosas! Absurdas obviedades e maravilhosas estupidezes!

Sou mesmo um intensão. Para minha sorte ou azar, intensão! Sofro da gula! Minha alma é gulosa e sedenta. Intensa e estúpida. Absurda e maravilhosa!

Falando do niilismo, Pondé nos ensina, ou lembra, que Nietszche tentou nos passar a idéia de que podemos combater o niilismo, por idéias niilistas. Faz até um paralelismo com a homeopatia onde o semelhante cura o semelhante.

Lembrei-me também de um texto do Camus onde ele diz que precisamos ver/ler o Sísifo com olhos brilhantes e felizes! É complicado, mas pode ser um caminho

(...) "Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineiral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz!"

* Camus/Sísifo, na íntegra,  aqui:


Dentro dos absurdos p/ todos os gostos (seja Tico ou Teco), tem o lance de tentarmos nos conhecer mais e mais, através dos outros. É sempre difícil enxergar que o outro, em nossas vidas, é sempre um espelho: tudo aquilo que buscamos "no outro" é tudo aquilo que (ainda) não encontramos em nós! Ele torna-se nosso complemento necessário! Faz-no voltar à estaca zero que não nos bastamos! Daí refugiar-se no niilismo, é um pulo. O niilismo garante o fim da crença. O fim da esperança e do desejo. Sem crença, esperança ou desejo, fim do desconforto! Certo?

Veja bem...

Intensão que sou, estou sempre atento à certas intenções vindas lá de fora. Intenção, para mim, traz sempre em si um desejo, uma vontade e uma meta. 

Qualquer ato vindo do lado de lá, passando por mim, tem uma intenção de quem o praticou, que passa também pelo Paulo.

Só que, e aí vem a estupidez do intenso Paulo, muitas vezes aquela intenção detectada é pobre, rasteira e até vulgar, travestida dos mais nobres fins! 

Então o Paulo, deitado eternamente em berço esplêndido, vê a pobreza, mas não vê o agradecimento que deveria fazer/dar por aquela rasteira intenção. Na verdade, não foi o outro. Na verdade, o outro ajuda-nos a (re)ver, de novo e de novo, nosso lado rasteiro, imaturo e/ou perdido na intensidade de nossas próprias intenções!

Um intensão com perdidas intenções!

Combater o niilismo com idéias niilistas parece-me pedir a Deus para ser ateu!

Prefiro juntar-me ao Pondé, classificando-me como "ateu não-praticante"! "Creio" que seja o melhor caminho!

Pobre dos pobres. Pobre dos paupérrimos! Pobre de nós! Pobre de mim!

Não tenho intenção de ser pobre. Meu intensão é rico, perdidamente belo e apaixonante! Se (ainda) sofro por mim...mereço meu sofrimento.  

Sofro pela minha intenção maior!

Intensamente...vivo minhas intenções!

É sempre bom lembrar...



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