Caminhada em plena Páscoa,
sem chocolate, dá nisso: Tico & Teco começam mais uma conversa sem fim.
Eles ouvem o Pondé falando sobre niilismo e aí ficam trocando idéias absurdas e óbvias. Estúpidas e maravilhosas!
Absurdas obviedades e maravilhosas estupidezes!
Sou mesmo um intensão. Para
minha sorte ou azar, intensão! Sofro da gula! Minha alma é gulosa e sedenta.
Intensa e estúpida. Absurda e maravilhosa!
Falando do niilismo, Pondé
nos ensina, ou lembra, que Nietszche tentou nos passar a idéia de que podemos combater
o niilismo, por idéias niilistas. Faz até um paralelismo com a homeopatia onde
o semelhante cura o semelhante.
Lembrei-me também de um
texto do Camus onde ele diz que precisamos ver/ler o Sísifo com olhos
brilhantes e felizes! É complicado, mas pode ser um caminho
(...)
"Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas
Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos.
Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece
estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineiral dessa
montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir
os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo
feliz!"
* Camus/Sísifo, na íntegra, aqui:
Dentro dos absurdos p/ todos
os gostos (seja Tico ou Teco), tem o lance de tentarmos nos conhecer mais e
mais, através dos outros. É sempre difícil enxergar que o outro, em nossas
vidas, é sempre um espelho: tudo aquilo que buscamos "no outro" é
tudo aquilo que (ainda) não encontramos em nós! Ele torna-se nosso complemento
necessário! Faz-no voltar à estaca zero que não nos bastamos! Daí refugiar-se
no niilismo, é um pulo. O niilismo garante o fim da crença. O fim da esperança
e do desejo. Sem crença, esperança ou desejo, fim do desconforto! Certo?
Veja bem...
Intensão que sou, estou sempre
atento à certas intenções vindas lá de fora. Intenção, para mim, traz sempre em
si um desejo, uma vontade e uma meta.
Qualquer ato vindo do lado de lá,
passando por mim, tem uma intenção de quem o praticou, que passa também pelo
Paulo.
Só que, e aí vem a estupidez
do intenso Paulo, muitas vezes aquela intenção detectada é pobre, rasteira e
até vulgar, travestida dos mais nobres fins!
Então o Paulo, deitado eternamente
em berço esplêndido, vê a pobreza, mas não vê o agradecimento que deveria
fazer/dar por aquela rasteira intenção. Na verdade, não foi o outro. Na
verdade, o outro ajuda-nos a (re)ver, de novo e de novo, nosso lado
rasteiro, imaturo e/ou perdido na intensidade de nossas próprias intenções!
Um intensão com perdidas
intenções!
Combater o niilismo com
idéias niilistas parece-me pedir a Deus para ser ateu!
Prefiro juntar-me ao Pondé,
classificando-me como "ateu não-praticante"! "Creio" que
seja o melhor caminho!
Pobre dos pobres. Pobre dos
paupérrimos! Pobre de nós! Pobre de mim!
Não tenho intenção de ser
pobre. Meu intensão é rico, perdidamente belo e apaixonante! Se (ainda) sofro
por mim...mereço meu sofrimento.
Sofro
pela minha intenção maior!
Intensamente...vivo minhas
intenções!
É sempre bom lembrar...
DÊ
PLAY
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