19 de mar. de 2017

AMOR INFINITO



Em Iga, sem meu Word, busco o meu receituário (alguma serventia ele há de ter), uma BIC qualquer e inicio um novo post.

Após ter adormecido ontem, empurrado pelo midazolan, com os óculos e celular sobre o peito, acordo!

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Domingão cinzento, com micro-chuvisco, pego-me...pensando!

Hãããnnn? Surprise, PF!

Acordei banhado pelas crônicas/poesias do xará Paulo. Mendes Campos, meu íntimo e querido PMC. De saída, quatro textos: amor, educação, finitude...

O xará é phoda! É PhD, este xará! Em vida e sentimentos!

O banho despertou-me, lavando-me, com  um em especial: "Dentro Da Noite" E então o post veio vindo...

Quase 65 primaveras, igual número de invernos e outonos...e até alguns verões, varão que sou, UM Natal passado do jeito PF de ser, Emília para terça, casório do filhote ontem, horas de prosa com a Kika, 250 Km rodados (sou muito rodado; muito tempo de USO, inclusive), zero de álcool (nem todos os loucos são alcoólatras) e uma noite de sábado para dormir, aguardando a chegada do domingo.


Acordo, refletindo (hãããnnn. Surprise PF, parte 2!) sobre o intenso sábado vivido, com sua manhã, tarde, noite e madrugada!

"Fecho" a conversa com a Kika, retomo a prosa com a Incógnita, onde me vejo como o protagonista do filme Teorema, do 3P  (Pier Paolo Pasolini -  quanta pretensão - é a falta do Haldol) ou, mais modestamente como o Bruxo Abu e então incorporo, de corpo e alma, o xará!

Sim, senhores, o amor existe, e é eterno! Mas há um que, obrigatoriamente, tem que ser o primeiro. Sem ele, nenhum outro poderá, sequer, se arvorar o direito de existir: o amor-próprio!

O único sentimento eterno em nossa finita vida é o próprio Amor.


O amor-próprio

Né não, Niezsche?

Então, mais não falo!

DENTRO DA NOITE


                   Você corria por dentro , eu corria por fora; você em pista de grama , eu em pista de areia. Você era uma égua de raça, meu amor, e se chamava Helena de Tróia, eu era um cavalo de criação nacional e meu nome era Black & White. Você era do vermelho-castanho daquela rosa de veludo chamada Príncipe Negro; eu era todo preto manchado de branco no pescoço. Éramos dois belos animais, e estávamos emparelhados na frente, numa atropelada cheia de ritmo, muito longe dos outros que nos perseguiam inutilmente, num corpo a corpo incomparável.

                   Não, ninguém nos montava: corríamos libertos por uma campina, , desaparecemos debaixo das árvores de um bosque, chegamos a uma planície onde existia apenas um anúncio de gasolina americana. E além desse descampado, sentimos, sem dizer nada, com os nossos olhos ternos e grossos de cavalo, que o mar ao longe estava batendo e tremia, as ondas se empinavam em desafio, crinas de espumas eriçadas, relinchando ao vento. Era um mar mais estranho que o mar, cavalos de água se erguiam e desmanchavam, nós corríamos de encontro a ele em um galope igual.

                   Ah, o mar não deteve a nossa corrida, mas avançamos sobre as ondas, as nossas patas mal tocando a água verde, livre sobre o mar livre, focinho com focinho, ilharga contra ilharga, passamos debaixo do arco-íris  e decolamos. Voávamos perto das vagas que molhavam as nossas bocas com suas gotas salgadas quando de repente anoiteceu sem qualquer solidão. Apenas o teu olhar manso e rutilante de animal na escuridão. Sentia o calor do teu grande corpo e  meu coração me feria como se um punho fechado batesse com força em meu peito.

                   Sim, sei perfeitamente, qualquer Freud de porta de venda pode explicar o meu sonho; mas nunca poderá roubá-lo.

                   Houve um momento em que nos envolvemos num turbilhão de estrelas pequeninas. E nada mais.




(Paulo Mendes Campos)


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* USO - Unidade de Saúde Ocupacional, onde PF trabalhou algumas décadas!

** Incógnita - X Turma (1977)

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