Em Iga, sem meu Word, busco o meu receituário (alguma
serventia ele há de ter), uma BIC qualquer e inicio um novo post.
Após ter adormecido ontem, empurrado pelo midazolan, com os óculos
e celular sobre o peito, acordo!
_____________________________________________________
Domingão cinzento, com micro-chuvisco, pego-me...pensando!
Hãããnnn? Surprise, PF!
Acordei banhado pelas crônicas/poesias do xará Paulo. Mendes
Campos, meu íntimo e querido PMC. De saída, quatro textos: amor, educação,
finitude...
O xará é phoda! É PhD, este xará! Em vida e sentimentos!
O banho despertou-me, lavando-me, com um em especial: "Dentro
Da Noite" E então o post veio vindo...
Quase 65 primaveras, igual número de invernos e outonos...e
até alguns verões, varão que sou, UM Natal passado do jeito PF de ser, Emília
para terça, casório do filhote ontem, horas de prosa com a Kika, 250 Km rodados (sou muito
rodado; muito tempo de USO, inclusive), zero de álcool (nem todos os loucos são
alcoólatras) e uma noite de sábado para dormir, aguardando a chegada do
domingo.
Acordo, refletindo (hãããnnn. Surprise PF, parte 2!) sobre o
intenso sábado vivido, com sua manhã, tarde, noite e madrugada!
"Fecho" a conversa com a Kika, retomo a prosa com
a Incógnita, onde me vejo como o protagonista do filme Teorema, do 3P (Pier Paolo
Pasolini - quanta pretensão - é a falta do Haldol) ou, mais modestamente como o
Bruxo Abu e então incorporo, de corpo e alma, o xará!
Sim, senhores, o amor existe, e é eterno! Mas há um que,
obrigatoriamente, tem que ser o primeiro. Sem ele, nenhum outro poderá, sequer,
se arvorar o direito de existir: o amor-próprio!
O único sentimento
eterno em nossa finita vida é o próprio Amor.
O
amor-próprio
Né não, Niezsche?
Então, mais não falo!
DENTRO DA NOITE
Você corria por dentro , eu
corria por fora; você em pista de grama , eu em pista de areia. Você era uma
égua de raça, meu amor, e se chamava Helena de Tróia, eu era um cavalo de
criação nacional e meu nome era Black & White. Você era do
vermelho-castanho daquela rosa de veludo chamada Príncipe Negro; eu era todo
preto manchado de branco no pescoço. Éramos dois belos animais, e estávamos
emparelhados na frente, numa atropelada cheia de ritmo, muito longe dos outros
que nos perseguiam inutilmente, num corpo a corpo incomparável.
Não, ninguém nos montava:
corríamos libertos por uma campina, , desaparecemos debaixo das árvores de um
bosque, chegamos a uma planície onde existia apenas um anúncio de gasolina
americana. E além desse descampado, sentimos, sem dizer nada, com os nossos
olhos ternos e grossos de cavalo, que o mar ao longe estava batendo e tremia,
as ondas se empinavam em desafio, crinas de espumas eriçadas, relinchando ao
vento. Era um mar mais estranho que o mar, cavalos de água se erguiam e
desmanchavam, nós corríamos de encontro a ele em um galope igual.
Ah, o mar não deteve a nossa
corrida, mas avançamos sobre as ondas, as nossas patas mal tocando a água
verde, livre sobre o mar livre, focinho com focinho, ilharga contra ilharga,
passamos debaixo do arco-íris e
decolamos. Voávamos perto das vagas que molhavam as nossas bocas com suas gotas
salgadas quando de repente anoiteceu sem qualquer solidão. Apenas o teu olhar
manso e rutilante de animal na escuridão. Sentia o calor do teu grande corpo
e meu coração me feria como se um punho
fechado batesse com força em meu peito.
Sim, sei perfeitamente,
qualquer Freud de porta de venda pode explicar o meu sonho; mas nunca poderá
roubá-lo.
Houve um momento em que nos
envolvemos num turbilhão de estrelas pequeninas. E nada mais.
(Paulo Mendes Campos)
DÊ PLAY
* USO - Unidade de Saúde Ocupacional, onde PF trabalhou
algumas décadas!
** Incógnita - X Turma (1977)
Nenhum comentário:
Postar um comentário