29 de mar. de 2017

Nem todo dia é dia de pão quente



Hoje o pão está murcho e com cara feia? Cara de pão amanhecido? 

Pois é, mané! Esperava o Nirvana? Ele teve vida curta. Morreu com o Kurt! Vc curte o Nirvana? Nostálgico e trágico você, hein!?

Ah, não é da banda de rock que vc está falando? Quer filosofar? Já não te avisei que "a filosofia é algo que, com a qual ou sem a qual, a vida segue tal e qual?" E mesmo assim vc quer filosofar?

Então tá:

Nirvana, na filosofia budista - A extinção da insatisfação

Então tá parte 2! Você, Paulinho Fernandinho, quer encontrar o Nirvana?

Bom, como hoje eu não estou com muito saco p/ ficar aturando bebê chorão, vou te propor o seguinte:

Chore aí (no caso, aqui) as suas dores pelo texto do seu xará Fernandinho Desassossegado Pessoa e depois, "perca" 13 minutinhos ouvindo, de novo, seu chegado Clóvis. Quem sabe ele te ajude, mais do que eu mesmo ou do que este vinho que você abriu, te relembrando por quais valores você luta, vive e defende! Quais são os valores que você ama? São os seus valores que você ama, PF. Não exagere na sua cota de mimimi!

Combinado?

Depois, se quiser, tome seu midazolan e fique quieto, carinha! Acredite, eu gosto muito de você mas não abusa, tá?

Nem todo dia é dia de pão quente? Então tá! Volto outra hora, quando nova fornada estiver saindo!

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          A alma humana é vítima tão inevitável da dor que sofre a dor da surpresa dolorosa, mesmo com o que devia esperar. Tal homem, que toda a vida falou da inconstância e da volubilidade feminina como de coisas naturais e típicas, terá toda a angústia da surpresa triste quando se encontre traído em amor - tal qual, não outro, como se tivesse sempre tido por dogma ou esperança a fidelidade e a firmeza da mulher.

            Tal outro, que tem tudo por oco e vazio, sentirá como um raio súbito a descoberta de que têm por nada o que escreve, ou que é estéril o seu esforço por ensinar ou que é falsa a comunicabilidade da sua emoção.

              Não há que crer que os homens, a quem estes desastres acontecem, e outros desastres como estes, houvessem sido pouco sinceros nas coisas que disseram, ou que escreveram, e em cuja substância esses desastres eram previsíveis ou certos. Nada tem a sinceridade da afirmação inteligente com a naturalidade da afirmação espontânea. E isto parece poder ser assim, a alma parece poder assim ter surpresas, só para que a dor lhe não falte, o opróbrio não deixe de lhe caber, a mágoa não lhe escasseie como quinhão / igualitário / na vida. Todos somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento. Só não passa quem não sente; e os mais altos, os mais nobres, os mais previdentes, são os que vêm a passar e a sofrer do que previam e do que desdenhavam. É a isto que se chama a Vida.


(Fernando Pessoa  -  Livro do Desassossego)



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