18 de nov. de 2013

Era uma vez um homem



ERA UMA VEZ UM HOMEM


Era uma vez, em uma longínqua cidade chamada Dão Quebastião, um homem que gostava de ser chamado de Som Sixote; era o “Som Sixote de Dão Quebastião”, dizia ele! Ele assim se auto denominava pois se sentia o defensor, o advogado até, das mais sublimes virtudes do ser humano: a honra, a lealdade, a busca frenética pela justiça e a defesa do caráter. Dizia que não sossegaria enquanto não vencesse todos os moinhos de vento com os quais se deparava no transcorrer de sua vida. Adorava também ouvir o silvo das serpentes que iria combater, usando apenas e tão somente seu cajado feito da madeira retirada da mais frondosa nogueira do vilarejo... “Não há silvo que resista à nogueira”, dizia ele... E assim ele vivia: ao ouvir um silvo, nogueira nela! Sua busca parecia ser utópica e inútil, mas sua postura, com sua pança – na falta do “Sancho” – e sua indefectível cigarrilha, até enganavam os mais incautos! Havia um porém, como tudo na vida: ele adorava jogar e dançar...Para ele, acima mesmo de seus moinhos de vento, estava a pista de dança e o sublime carteado! Jogava e dançava, dançava e jogava...! Um certo dia, cansado daquela monótona “dança”, resolveu aventurar-se por novas terras... Novas e ainda não cultivadas terras! Ao pensar com os seus botões – passatempo favorito do dito cujo – achou que era hora de dizer adeus à “ana...rquia” em que se encontrava e quis ir ter com aquela terra novinha e cheirando a coisa fresca... Os sábios até que tentaram avisá-lo: “Já que você está fazendo uma mudança tão radical, tome um cuidado especial: cultive-a com carinho, senão poderá estar aí a sua ruína. Ara sério esta “fresca” terrinha que você escolheu para cultivar. Faça dela muito mais do que uma secreta ária a ser cantada por um barítono bufão, tal e qual uma cópia mal-ajambrada de algum “roberto jefferson” da vida. Cuidado para não se tornar um fiel e digno representante do time dos rábulas”!

Ele, embriagado (ops!) de amor, não deu atenção; continuou, mesmo em sua nova terrinha, a jogar e dançar, dançar e jogar! O amor dele por estes dois vícios era tamanho, que ele começou a perder-se entre um e outro. Não sabia mais o que era dança e o que era jogo. Sua mente estava confusa! Com a cabeça em turbilhão, jogou a dança para longe e acabou dançando no jogo! O que antes era uma simples “sinuca”, tornou-se agora seu tormento...Ele não dava mais as cartas e nem tinha qualquer coringa escondido na manga. A única coisa que sobrou foi seu tabuleiro e sua rainha... Não conseguia mais dar um xeque-mate; viu-se tentado a reverter este patético e melancólico quadro, tornando-se ele mesmo um horrível moinho de vento! De xeque-mate passou para o “mate o cheque”.... e aí começou, tal qual um calhorda, um rábula, um réles meliante, a apoderar-se do dinheiro dos outros que nele ainda confiavam!! O grande Som Sixote virou um moinho do mal! Seus botões caíram...sua cigarrilha apagou-se...seu jogo dançou! Ele apodreceu e passou a causar asco às pessoas de bem!!

As únicas coisas que ainda o merecem, e o aguardam são...o “xadrez” e sua rainha!! Como é hábito lá pelas terras de Dão Quebastião não acontecer nada daquilo que seria justo, imagino que sobrará apenas seu patético caminhar matinal, com os olhos firmemente voltados ao chão, à procura de sua honra perdida, tendo que carregar sua pança e o peso de sua consciência.

Som Sixote finalmente mostrou-se o que é : um grande blefe; uma piada de mau gosto; carta fora do baralho; um rábula da pior espécie!

Som Sixote virou Pixote!!! Virou chicote!!! Virou chacota!!!








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